Monday, December 22, 2008

O melhor que não planejamos.

_Você imaginava terminar seu ano assim?
perguntou à ele a caminho do aeroporto.
_Não mesmo.
respondeu sorrindo.
_Mas nem eu.

Thursday, December 18, 2008

Wednesday, December 17, 2008

Tuesday, December 16, 2008

pragmatismos dela - 02:

Sobre o amor:
"Acho que não sei conviver com mágoas antigas.
Prefiro dar a chance de outras pessoas me magoarem."

pragmatismos dela - 01:

Sobre os sapatos que o jornalista
atirou no ainda presidente Bush:
"Mas porque ele não deu um tiro logo?!"

Faz tempo que acredita nisso.













está escrito na parede
bem perto dos travesseiros.

Monday, December 15, 2008

No Balanço do Ano.

Chacoalhou.
2008 foi cheio de altos e baixos.
Idas e boa vindas!
Fique à vontade. A casa não é sua nem minha.
É aluguel.
Sem despedidas.
Quase caiu. Mais de uma vez.
Passou por sete meses mal dormidos.
Sonhando tudo pela metade.
Comendo pouco.
Correndo muito.
Querendo o que não lhe pertencia.
Desejando o que não podia.
Amando.
Estudando.
Desenhando.
Percebeu-se meio autista,
fechada em seu mundo de traços.
Fina.
Um dia olhou-se no espelho e
viu que não tinha nem peito nem bunda.
Só pintas.

No balanço do ano,
assume investidas em seu lado mais
dramático - trágico - cômico.
Alimentou-o.
Mas termina 2008 segura de que
não quer mais viver assim.
Certamente, como diz Caetano.
Agradece aos amigos que lhe trouxeram músicas
novas para sempre alegrar esta casa.
Que por hora ainda vive vazia à sua espera.
Clamando por seu barulho.
Ouvindo o silêncio dela.
Morto.
Pensamentos.
Pregados nas paredes preenchidas de poesia.
De carinhos compartilhados.

Percebeu neste ano que bom mesmo
é ter você por perto.
Que quando é de verdade,
dá se um jeito de viver uma paixão.
Que sempre dá se um jeito para tudo.
Que és imatura.
E que por isso acha que pode tudo,
que tudo se resolve.
Ou melhor, é pior; “ela resolve”.

Percebeu numa tarde a caminho do aeroporto
que os pais sempre confiaram demais nela.
Que podiam, mas talvez, não deveriam.
E que por isso, o medo de decepcioná-los
a perseguiu continuamente, o ano inteiro.
Dormia com ela.
O medo de errar.
Mas que mesmo amedrontada,
errou diversas vezes e
se culpou e depois errou por se culpar.
Virou uma bola de neve.
Se Papai Noel existisse, lhe traria um presente.
Mas no atual momento encontra-se bem, obrigada.
Não precisa é de nada.
Nada à desejar.
Só os cuidados teus.
Pois continua chorando no trânsito.
Por lembra-se de você.
E de você e de você.
O tempo inteiro.
E quando chove, piora.
Recorda-se daquela,
aquela e aquela outra situação que passou.
Congestionamento.
Mas tudo passa.
Parece ouvir sua mãe dizendo
bem na virada de todos os anos
num abraço apertado com sua voz confiável e trêmula:
_Minha filha, tudo passa. E o ano que vem será melhor.

Deus me perdoe!

_Moça gostaria de dar uma olhada neste trabalho que faço?
_Não.
_Mas são salmos de Deus.
_Não.
Repondeu sorrindo enquanto
pensava timidamente baixinho: "FODA-SE!"

Saturday, December 13, 2008

Se vê, meio autista.
















(fenómeno patológico em que o Eu ocupa o primeiro plano)

Thursday, December 11, 2008

Pensa!

Quem pode, pode.
Quem não pode, pede calma.

Tuesday, December 09, 2008

Duas vezes divórcio.

Divórcio 01
Depois de sete anos resolveram separar-se.
Ela então chamou seus pais que há tempos
não via para um café seguido da novidade.
Colocou-se na frente deles, na companhia dele,
num formato previsível de um casal já desfeito.
Então começou a embolação para dizer que
queriam contar-lhes algo,
que tinham decidido ha algum tempo fazer e
que só agora então tomaram coragem...
O pai dela:
_Você está grávida! Que incrível filha!
_Não é bem isso.
Eles levantam-se, abraçam,
parabenizam o casal recém divorciado.
_Não é bem isso papai...
Dizia a filha em tom amável com os olhos lacrimejando
de desapontamento por todos os lados.

Divórcio 02
Depois de sete meses juntos ela fez as malas dele e chamou o taxi.

Novos tempos.

Ele já namorou com ela.
E ela já namorou com ele.
Ele que hoje é dela.
Ela que hoje é dele.
E ele ali, também já se apaixonou por ela.
E por ele? Já amou ele?
Não, ele só amou ela.
E ela amou todos eles.

Grude!

Monday, December 08, 2008

Sonhou uma dúvida.













E logo ao abrir os olhos na manhã de domingo:
_Às vezes tem acento?
_Acho que as vezes.

Sexta-feira.

Ela entrou esbaforida no banco.
Subiu no primeiro andar de contas
à pagar e pegou a senha.
Número 152.
Olhou no luminoso que indica em que
vez está e desanimou, era 89.
Sexta feira, passava das três da tarde e
ela estava cheia de compromissos ainda à cumprir.
Desorientada, sentou-se numa confortável
cadeira que fazia parte de um bloco mais livre.
Assim, meio separado do restante.
Só porque não queria ninguém por perto.
Observou depois que atrás dela só haviam duas
senhorinhas bem idosas que reclamavam dos parentes.
E por um momento a vozes delas a irritaram.
O diálogo descontente.
Ela estava sim de TPM.
Quando percebeu que havia entrado na fila de idosos,
deficientes físicos e gestantes.
Se fez de morta.
De morta não, de grávida.
Lá permaneceu.
Mas quando chegou a sua vez
não teve coragem de seguir em frente.
Idiota, não sabe mentir.
Nem mesmo quando precisa.
Estava tão atrasada que caminhou até
um dos moços do atendimento e explicou-lhe a situação.
Blá-Blá-Blá.
Esperou do lado de fora.
Pagaram sua conta em menos de dez minutos.
Correndo saiu dali...
Aliviada!

Thursday, December 04, 2008

Armando assim, de confabulando.
















Termino o ano amando.
A mando dos juros do meu cheque especial.
A mando do que a natureza resolver guardar pra nós.
Presa no trânsito.
Tomando chuvas de verão.
Termino 2008 amando quase tudo o que vejo
através do vidro embaçado do carro.
Por onde passa o menino de rua e joga espuma
mesmo que eu lhe implore que não.
Não queria, mas obrigada por passar
o rodo enquanto a cidade inunda.
O vendedor de mapas insistindo para que eu perceba...
Estamos todos perdidos.

Termino o ano amando.
Você e tudo que vem junto contigo.
Observo.
É a primeira vez que me vejo assim.
A mando dos prazeres.
A mando do coração com razão.
Das lembranças que não consigo
ou não quero apagar.
Dos medos.
Da violência.

Termino o ano aliviada por este estar acabando.
Sedenta por 2009.
Cheia de planos.
Com fé e pouca esperança.
Aguardando que a crise me apanhe.
Dando a cara à tapa.
Colecionando sardas.
Deixando o cabelo crescer.
Com novas cenas para desenhar e escrever.
Com coragem.
Transbordando sensações boas.
E sabendo que posso morrer de
excessos a qualquer momento.

Fecho 2008 amando o teatro de nossas maneiras.
Delicada.
Aguardando você chegar pra te levar
pra passar outros anos ao meu lado.
Até a gente ficar velhinho.
Até meu joelho enrugar.
A mando do que sinto, do que me despertas.

Termino o ano amando.
Dormindo pouco para dar tempo de fazer tudo
o que eu achava que faria nestes 364 dias
que passaram por mim rápidos demais.
Feliz por não estar triste.
Ciente de que passei por dias melancólicos
em meados de junho e que papai tinha razão ao alertar-me
que “tristeza não paga dívida”.

Termino o ano reunindo as cartas que
mamãe me escreveu, repletas de preocupação, atenção e cuidados.
Com os amigos lá em casa.
Risadas.
Com Marina, a irmã mais velha ainda querendo mandar em mim.
E eu deixo.
Não deixa de ser um mimo.
Um homeopata na manga.
Francisco bem perto.
Nona esquecendo.
Rosa descobrindo.

Acabo 2008 com mais dúvidas do que certezas.
Com saúde.
Saudade.
Cheia.
Pois estou amando...