Thursday, April 30, 2009

Memória - 01.

02.

Ela caminhava pelo corredor, destino ao trabalho.
Passava das treze horas.
Havia dado de comer à ele.
Deixando-o depois nas costas.
Desconsertado do medo de ficar só,
colheu todas as pedras brancas
que enfeitavam o jardim da casa e
atirou uma por uma.
Não acertou nela uma vez sequer.
O que convenhamos,
não mirou nela uma vez sequer.
Não queria machucar, mas assustar.
Todas as pedras bateram no portão
de ferro fazendo barulho.
Um som que nunca mais saiu de dentro dela.

[ouça]

Wednesday, April 29, 2009

Memória - 01.

Resfriada, queria muito deitar e dormir.
Fato é, que hoje a tarde saíram para ver uma exposição
de fotografias e aproveitaram o delicioso café local.
Depois, mais tarde o vizinho veio buscar a sopa de mandioquinha
de ontem e dá-lhe mais café. Resultado, está sem sono.
E ideias (sem acento conforme manda a nova regra)
poluem sua cabeça que na verdade deveria descançar.
Anda querendo escrever. Aleatóriamente.
Anda escrevendo aliás. Coisas que nunca foram ditas.
Das quais se envergonha. E por que?
Talvez para se livrar delas de vez. Quer se despir.
Desinibir. O que me faz crer, estás louca!
É o ser mais tímido que reconheço. E depois,
escrever sobre isto te fará reviver todas estas situações difíceis.
Sei que existe parte dessa sua memória
que nunca mais teve contato. Manteve distância dela
na maior parte do tempo. E fez bem! Auto- controle!
Sobrevivências... Só às vezes, as lembranças são mais
rápidas do que você e vêm à tona num piscar de lágrima.
Ignorou-as até agora por falta de força em enfrentá-las
e passado tanto tempo... Pense, valerá a pena relembrar?

01.

Ela o encontrou sentado num canto da sala.
Ele chorava compulsivamente.
Aquele homem grande e forte parecia uma criança.
Tinha medo. Resistia ao toque. Não respondia suas perguntas.
Não falava. Apenas chorava e muito. Caminhava de um canto a outro.
Dava voltas em si mesmo. Parecia que não a enxergava.
Ela pedia para que ele se acalmasse, para que lhe contasse o
que havia acontecido. Mas ele não a ouvia e se ouvia não respondia.
Como se a comunicação entre eles tivesse sido rompida ali,
naquele momento, naquele lugar estranho comum.
Cantarolava uma música de Gil continuamente.
Sem interrupção. Talvez isto tenha levado mais de seis horas.
Ele em surto cantando aquela canção que
depois de anos ela ouviu uma única vez numa mesa de bar.
Reconheceu e começou a chorar. Que idiota.
Mas foi exatamente o que aconteceu.
O rompimento se deu ali. E ela só o comunicou dois anos mais tarde.

Dele.

Ser. Super. Artista.

O papel do artista é produzir e conceituar seu corpo de trabalho.
O suporte para isso já não mais importa.
A arte contemporânea não se restringe ao papel nem à tela.
Muito menos aos museus e galerias. A arte se democratizou
assumindo as ruas. Invadiu sua vida e você nem reparou.
Porque não tem tempo para parar e observar.
Assim como a maioria de nós que olha para tudo e pouco enxerga.
E tudo bem, este é também um dos papéis do artista. Podemos relaxar?
Intransferivelmente é do artista a responsabilidade de observar
e detalhar que lugar é este que nós ocupamos no agora.
Refletir sobre a sociedade em que vive. Em que vivemos todos nós.
E transportar para o papel, para tela, para um espaço específico
e ou interferir na arquitetura das cidades com sua arte em nossas vidas.
É aproximarmos do lúdico, dos sonhos, do que é real na visão dele, artista.
Do que parece à ele indispensável. Não que seja para a maior parte de nós.
Mas para ele, é assim que lhe parece, necessário.
Para isso o artista contemporâneo ocupa desde altas tecnologias,
celulares e GPSs até o espaço daquela praça que sempre existiu na rua de sua casa,
os edifícios e calçadas além dos lugares em que a arte previsivelmente reside,
os museus e galerias. Por vezes, o artista retira do nosso cotidiano
os hábitos e costumes, móveis e outros objetos levando-os para
esses grandes espaços de arte, desfuncionalizando-os e
instituindo a eles o peso da obra. Isto, desde Duchamp, percebeu?
Vá visitar os museus e galerias, só assim entenderá o que estou tentando dizer.
Na exposição em cartaz na Galeria Vermelho há um carro
logo na entrada totalmente remontado e por assim dizer,
destruído e ao mesmo tempo mumificado. A obra intitulada DRIVE THRU#2
é uma instalação que pertence ao artista Matheus Rocha Pitta
e foi elaborado a partir de dois carros do modelo Escort de anos e cores
diferentes que foram recombinados em um único objeto.
Sim, isto é arte! E normalmente vem acompanhado da seguinte
frase de um amigo meu:

_Nossa, até minha avó faz isto!

Faço cara de desprezo. Pois ele só fala isso porque sabe o quanto me irrita.
Compreenda de uma vez por todas que, com a interferência do artista
seja ela simples ou não, objetos de cena comum ganham o cobiçado
título de obra de arte. Mas quem é que decide o que é arte ou não?
Os críticos, galeristas e jornalistas. Todos em comum acordo dão seu aval.
E de repente, a arte está ali em plena Avenida Doutor Arnaldo,
dentro do hospital Emílio Ribas.

_Repare, são barracas iluminadas... É daquele artista...
_ O... Qual é mesmo o nome dele?
_É Eduardo Srur.
_Ah é! É dele! Chama-se Acampamento do Anjos e é arte, sabia?

Hoje em dia só não é expectador de arte quem não quer.
Basta olhar bem e reparar ao redor.
O artista nos chama atenção para aquilo que há de mais simples,
mas que por tamanha simplicidade, a maior parte de nós já não dá importância.
Ana Maria Tavares é uma das artistas que nos dá prova disso enquanto
ironiza a utilidade da própria arte. Oferece-nos amparo sob superfícies gélidas,
como o aço inox, fazendo-nos perceber o quanto escoramos nossos
corpos nestes móveis existentes nos locais mais públicos, sem constrangimento.
Os corpos precisam de apoio. Ela nos dá este apoio, mas muitas vezes
em desequilíbrio. E eu nunca havia me dado conta do quanto procuro
por encosto ao meu corpo até saber um pouco mais sobre o
trabalho dessa artista. Depois de conhecida as obras,
reparo-me no metrô, na fila do banco e até a forma como acomodo - me
frente a pia, para lavar a louça do jantar.
É quando a arte invade a vida e vice-versa.
O pouco tempo e a correria do dia-dia nos faz apenas
sobreviver em meio aos outros nas cidades.
Ao artista então, cabe a função de refletir sobre o
meio em que vivemos e devolver a este mesmo mundo o que existe
nele que se valha repensar em outros formatos estéticos ou não
e que chamaremos a partir de então de arte.
Os olhos do artista enxergam coisas que nossos olhos não vêem.
Normalmente, escampam-nos. Não que ele tenha super poderes.
Mas é papel do artista treinar seu olhar,
assim como cabe ao corredor correr e ao pugilista lutar.
Ao artista cabe a função de nos detalhar.
Pausar, pensar, escrever, estudar, ler, desenhar, projetar, fotografar.
Chamar até engenheiros se preciso for, para transportar o que há de sensível
dentro de si para todos nós, o público. Um exemplo disso é o trabalho do artista
Marcius Galan exposto na mostra Nova Arte Nova no Centro Cultural Banco do Brasil
em que fez uma instalação dando-nos a impressão de que há
ali um vidro esverdeado, desses blindex. Mas é pura ilusão.
Uma fantástica mentira. E para perceber isso é preciso tocar na obra.
Tocar no nada.

_Mas tocar nas obras não é proibido?
_Neste caso não.

É... Sei que não é assim tão simples.
Cabe a nós apreciadores da arte tentar
deixar-nos seduzir pelos trabalhos do artista.
E a este cabe ainda se interar com o que há de novo.
Se atualizar. Perceber as novidades que são muitas nos dias de hoje.
Inúmeras. Rápidas e fugazes. E tomar o cuidado de não
ser só mais uma dessas novidades
que vem e vão na mesma velocidade.
Ao artista será preciso mais que fôlego de corredor
para acompanhar o que a maioria de nós não quer perder tempo em pensar.
Ou não se permite sentir. Ou não consegue.
E depois, resta a ele a tarefa de produzir.
Incessantemente como treina um lutador.
Continuamente.
Produzir uma vida inteira.
Para um dia o conjunto de suas obras falar por si só.

Thursday, April 23, 2009

Friday, April 17, 2009

Por sorte. O BEM DE ALZHEIMER.













Vovó não se lembra, mas nasceu em São Sebastião da Grama
em três de agosto de 1923.
É filha de Lydia Corsi Ferreira e Antonio Ferreira.
Lydia, sua mãe, teve seis filhos.
Apenas três cresceram.
Os outros morreram ainda crianças.
Portanto, vovó Edna tinha dois irmão – Laerte e Antonio.
Juntos, levavam uma vida tranqüila no interior.
O pai era construtor e a mãe dona de casa.
Eles tinham moradia própria e carro,
o que era um luxo para época.

Quando vovó ainda se lembrava,
contou-me que havia uma mulher negra em sua casa
que era a babá. Mostrou-me numa foto, assim:
_Está vendo esta aqui? Era minha escrava.
Eu achei repugnante, fiquei horrorizada.
Enfim, faz parte da história.
Eram uma família feliz e bem estruturada
até que um dia, descobriram que o pai da vovó tinha outra mulher.
Foi uma escândalo na pequena cidade, imagino.
E o resultado foi que ele suicidou-se.

Lydia agarrada aos três filhos passou pela primeira vez
a ter dificuldades para se manter. Lógico,
toda renda da família vinha do marido que
se matara de vergonha.
Ela então buscou por soluções.
Montou uma confeitaria,
mas não teve experiência para levar o negócio à diante.
Era muito nova, havia se casado com apenas treze anos...
Só sabia mesmo cozinhar!
Foi então que numa tarde pouco tranqüila,
largou tudo o que restava em São Sebastião da Grama
e retirou-se para São Paulo,
carregando os três filhos debaixo do braço.

Precisava de uma vida nova e acho eu,
que não importava muito onde.
A nova vida de toda família recomeçou
na capital tão difícil quanto o
passado recente deixado no interior.
Lydia trabalhava em casa de família como cozinheira
e sua irmã ajudava a cuidar dos meninos.
À Edna restou o colégio interno.

No colégio, vovó não se lembra mais,
mas chegou a comentar que sofria
muito com os castigos de lá.
Vivia ajoelhada no milho e
por vezes faltava-lhe comida.
Tanto, que de tanto reclamar tiraram-na do colégio
e foram todos morar na casa da tia Mariana, a irmã de Lydia.
E talvez nesta época um téquinho de felicidade
tenha reinado naquela casa, por estarem todos juntos outra vez.

O tempo foi passando, Lydia cozinhando
e vovó Edna, mocinha, foi trabalhar numa fábrica de zíper.
Foi lá que conheceu Raphael Pannunzio, meu avô.
Casaram-se e foram tentar a vida no Paraná.
Tentar a sorte! Mas históricamente a sorte não andava ao lado dela.
Raphael trabalhava com o tio Dino, irmão dele.
Eu pouco sei sobre meu avô. Minha mãe não fala sobre ele.
Quase nada. E minha avó já não se lembra...
Sempre tive medo de perguntar e acabar por reativar mágoas.
Mas voltando à vovó, Edna logo engravidou
para alegria de todos. Eram recém casados e você sabe,
casais recém casados vislumbram toda uma vida feliz
para ser construída. Há possibilidades, ao menos.

Mas infelizmente o primeiro bebê da vovó não vingou.
Morreu uns meses após o nascimento.
Depois, ela demorou mais de seis anos para conseguir
engravidar de novo. Mudaram-se para Sorocaba.
Todos! Inclusive o tio Dino que também
há pouco havia se casado. Foram de novo tentar a sorte!
Conseguiram. Vovó engravidou outra vez por sorte
e num janeiro, nasceu a primeira filha do casal, Vera;
minha mãe. Depois veio o tio Sérgio.

Que alegria! Que nada... A vida da vovó com meu avô
não era nada fácil. Ele, alcoólatra, dava muito mais trabalho
que as crianças. Mesmo assim ela permaneceu casada com ele
durante 23 anos, até a sua morte. E eu me pergunto,
o que teria sido diferente se eles tivessem se separado.

Quando meu avô morreu, a vida da vó Edna
ao invés de melhorar, piorou. Vovó não tinha dinheiro.
Sua aposentadoria era muito pequena e suas tentativas
para gerar renda eram todas um fracasso só.
A saída encontrada para diluir as dificuldades foi montar
uma república em sua própria casa para meninas
que vinham ainda mais do interior estudar em Sorocaba.
Foi uma fase ótima. As meninas eram muito alegres,
tinham mais ou menos a mesma idade da Vera, sua filha...
Mas Vó Edna logo enjoou de tanta agitação.
Não levava mesmo jeito para muita alegria dentro de casa.
Desistiu. E quando tio Sérgio viajou, mamãe
se casou e vovó foi morar junto dela.
Carregou consigo desta vez,
debaixo do braço, sua mãe, Lydia
que já estava bem velhinha e doente.

A casa onde todos foram morar era pequena e inacabada,
mas aconchegante. Você sabe como é, casais recém casados
vislumbram toda uma vida feliz para ser construída.
Vera e Luiz não eram diferentes.

Um dia, vovó Edna conheceu um senhor distinto
que se chamava Artibano e com quem imprevisivelmente
veio a namorar e depois casar. Sim, vovó não se lembra,
mas casou-se outra vez. E teve até festa!
Foram morar juntos e tudo ia às mil maravilhas!
Mas como vovó não levava mesmo muito jeito para
alegria dentro de casa, Sr Artibano morreu pouco tempo
depois do matrimonio. Ela ficou sozinha outra vez.
Morreram também seus irmãos.
E Lydia, sua mãe, deixando-a ainda mais só.

Em troca a vida e o tempo lhe deram netos.
Marina, Chico, Pedro, Lucas e eu.
E nós nos amamos desde o primeiro instante.
Ela já não se lembra, mas eu...

Um dia o tio Sérgio voltou para o Brasil
(ele morou anos nos EUA) e ajudou a vovó
construir uma casa, grudadinha na casa dos meus pais.
Moramos a vida toda juntas até eu crescer e
bater em retirada para São Paulo.
É por isso que em todas as minhas recordações ela está.
Que mesmo sem aptidão para alegria dentro de casa,
fez de mim a criança mais feliz do mundo ali naquela sala.
Naquele quintal.
Ali, no nosso sofá.

Wednesday, April 15, 2009

Tipo assim.

















Sou do tipo que está sempre tentando.
Tentando ser feliz, tentando escrever.
Tentando te encontrar, te compreender.
Tentando se organizar. Desenhar.
Vender. Planejar. Esquecer.
Sou do tipo que não sabe perder.
Que tenta, tenta, tenta
até que todas as possibilidades se esgotem.
Ou você fuja de mim.
Porque sou do tipo insistente.
Jamais abandono meu barco.
Eu afundo com ele.
Até porque, sou do tipo que sabe nadar.
Sou persistente. Resistente.
Tenho fôlego. Força. Tenho garra.
Faço graça e meu choro é só você quem vê.

Sou do tipo que acredita nos outros.
Que no fundo acredita nos sonhos. No nosso amor.
Que acha que tudo pode sim melhorar da noite para o dia.
Sou do tipo que não sabe do jogo.
Do seu, nem do dele, nem dela, nem de ninguém.
Que simplesmente não participa.
Que tenta driblar o cansaço.
Que tenta desviar dos fracassos.
Te ouvir com toda atenção do planeta.

Sou do tipo que sai para dançar e não dança.
Que fica ali no bar, conversando.
Tentando expressar-se diante do barulho.
Tentando respirar na fumaça.
Tentando manter o humor.
Tentado controlar a vontade de só ficar em casa.

Sou do tipo que não vai ao médico.
Que toma uns remédios por conta própria.
Que tenta fazer a dor passar.
Vivo tentando me auto-ajudar porque
sou do tipo que briga com o analista.
Que vive tentando fugir do que é óbvil.
Do que é rotina.
Tentando fazer diferente dia após dia.
Tentando melhorar.
Tentando até mesmo deixar de tentar.
Quando já não mais vale a pena.

Tuesday, April 14, 2009

Duas certezas e uma consequência óbvia.

Tenho problemas no coração.
Falta-me ar.
Morrerei de insuficiência respiratória
seguida de parada cardíaca.
Nem vai doer. Vai?!

recomendo-me outra vez!

Monday, April 13, 2009

Recomendo-me!

- Calma, o mundo não acabará amanhã.
- Não brigue com ele.
- Durma mais cedo.
- Acorde mais cedo.
- Foque.
- Esqueça! Não é mais problema seu.
- Não pense em todas as possibilidades,
precisa aprender a fazer suas escolhas sem sofrimento.
- Salada!
- Prefira o silêncio!
- Às vezes precisa dizer não.
- Agradeça!
- Coma um doce tão doce que te provoque arrepios.
- Faça amor de manhã, seu dia segue melhor depois disso.
- Estude.
- Desenhe.
- Faça render as horas.
- Costure.
- Pague todas as contas no caixa eletrônico,
assim não perderá tempo nas filas.
- Leve uma fruta para o trabalho.
- Tome um café no meio da tarde.
- Alongue-se.
- Sorria.
- Permita que novos amigos se aproximem.
- Ignore fatos irrelevantes.
- Atente-se ao que há de importante.
- Agrade-o.
- Tome a pílula ao amanhecer.
- Projete seus filhos.
- Ame incondicionalmente.
- E como diria sua mãe, não perca a doçura.
- Passe protetor solar.
- Cozinhe. Faça um jantar para vocês dois.
- Visite suas avós e o avô dele.
- Os museus e galerias.
- Outras cidades, países.
- Refaça sua trilha.
- Ouça as músicas que gosta.
- Leve a Rosa ao cinema.
- Telefone...
- Saia uma noite dessas só com suas amigas mulheres.
- Dance.
- Aqueçam-se.
- Assista a todos os filmes.
- Durma com aquele seu pijama velho adorável,
ele disse que não se importa...
- Aproveite para colocar as idéias no papel também por escrito.
- Proteja-se.
- Livre-se das mágoas.
- Retome os exercícios.
- Aproveite os domingos.
- E não esqueça, você precisa parar de usar o descongestionante nasal...

recomendo também!

recomendo!











A primeira sala IMAX do Brasil inaugurou no dia
16 de janeiro no Bourbon Shopping.
Fui só neste final de semana conferir.
A tela tem 21m de largura.
É sensacional!
E divertido!
Vale a ida ao shopping!

Thursday, April 09, 2009

Quem disse que a vida não é um filme?

Cena Interna
Estúdio - casa
Ela está em pé na cozinha de frente para pia cheia de louças.
Ele deitado na cama, no quarto que é bem em frente
a cozinha o que permite um diálogo entre eles.

Quase meia noite.
Ele exausto diz que precisa descansar.
Ela exausta diz que precisa fazer o bolo que havia planejado.

_É meu presente de Páscoa!
_Ta bem.
_Mas você vai dormir?
_Preciso deitar.

Ele parece chateado.
Ela também, mas na verdade só estão cansados.
Ela acha que precisa terminar a receita.
Como, se não terminar significasse imenso fracasso.
Então, para não fracassar manuseia os ovos, a farinha e
as cenouras raladas com habilidade e pressa.
Liga o liquidificador que faz barulho.

Ele grita do quarto:
_Nossa, os vizinhos devem estar adorando!
Ela o ignora.
_Quer conversar?
pergunta ela à ele que responde em tom de ironia
_Quero dormir.
_Ahhh que pena! Eu queria tanto conversar.
_Ta bem.
Ela sorri olhando para ele que se esconde
por debaixo do edredon branco.
_Sabe, tenho umas dúvidas à nosso respeito.
_Xiii... Lá vem a "possibility girl".
Ela nem olha para ele, continua fazendo seu bolo.
Ele pergunta meio sem animação
_Quais?
_Ahhh, quer saber?
_Lógico!
_Mas nem eu sei.
_Não sabe quais dúvidas tem?
_Não, mas eu as possuo!
_Então pergunte-me e eu te respondo,
assim as dúvidas acabarão.
_Mas eu não sei o que te perguntar.

Silêncio.

_Na verdade já sei. A pergunta é:
toda vez que você fica em silêncio,
me olhando, é porque concordas com que estou dizendo?
_Ah, acho que sim.
_Então você não tem dúvidas?
Neste instante, ela para de olhar para a tigela onde prepara
a massa do bolo e olha fixamente para a cama onde ele
está invisível.
Ela olha para o amontoado de travesseiros
ansiosa esperando que ele lhe dê a resposta.

_Dúvidas quanto a nós? Não. Não tenho.

Ela se agita sozinha na cozinha e caminha até a porta do quarto.

_Então você compreende tudo o que falo?
Quer dizer, você acha que tudo o que eu falo
é na verdade tudo o que penso?
_Assim espero...
_Mas eu falo muito!
_É Luiza... Eu sei.
_Não sabe não.
_Ta bem, então não sei.
_ Somos muito diferentes. Somos de mundos diferentes!

Ela diz isso voltando para o interior
da cozinha de costas até o fogão.
Abaixa-se, liga o forno ouvindo ele dizer:
_Mas a graça está aí.
_Eu também acho engraçado, mas não sei...
_Não sabe o que?

Ela volta para tigela, liga a batedeira
e ele repete a frase acrescentada de uma única palavra
que faz uma incrível diferença:
_Nossa, os vizinhos devem estar adorando, amor!

Ela sorri e faz a próxima pergunta bem alto
pois a batedeira produz um barulho realmente insuportável.
_Mas não há nada que você ache estranho em mim?
Algo que te incomode?
_Acho que você está incomodando os vizinhos...
Ela ignora de novo este comentário dele.

Ele demora mais de um minuto para responder
a pergunta fazendo com que ela
quase prefira que ele não responda.

_Algo que me incomode?
Bem, te acho às vezes triste demais.
Às vezes, tímida demais.
Mas eu gosto disso também.

Silêncio.

_Gosta desse incômodo?

Silêncio.

Ela então percebe que ele adormeceu.
Termina de fazer o bolo calada.
Deixa a cozinha toda revirada,
cheia de farinha e açúcar por todo lado.
Apaga a luz e vai se deitar.
Mas não consegue dormir.
Abalada por seus excessos.

Me indica uma trilha?

Wednesday, April 08, 2009

Tuesday, April 07, 2009

Quanto dura a novidade?

O novo marido
em seu prazo de validade:

-tem mira! Não faz xixi no chão nos primeiros dois meses,
nem deixa respingos no acento.
-faz seu jantar sem reclamar.
-clima para o sexo.
-mantém o controle quando você perde.
-o bom humor na hora da fome.
-sorri quando você chora.
- sorri também para todas suas amigas, simpatia é seu nome.
-compra chocolates para te alegrar.
-repõe o papel higiênico como num passe de mágica!
-te beija quando acorda mesmo sem você escovar os dentes.
-visita seus pais sem problemas.
-não repara em suas unhas, sobrancelha...
-sai com você para dançar.
-te ama em tempos de crise.
-e diz isso sempre, continuamente sem você pedir nem se irritar.

Friday, April 03, 2009