Wednesday, December 06, 2006

Penso, logo inexisto.

Não sei nada sobre o tempo.
Nada sobre o vento.
Nem sobre o ar seco.
Ou sua falta de ar.
Não sei nada além do que é preciso saber.
Sobre nós mesmos.
Que amor há.
E transborda-me aqui dentro,
como um copo cheio de leite fervendo pela manhã.

Nossos tormentos.
Madrugadas recém chegadas que eu não espero nunca,
porque gosto de passar meus dias com você.
Dormir me desencadeia de ti.
Me faz sentir medo.
Afinal, não sei nada sobre a vida.
Nem mesmo sobre sonhos sei.
Outro dia mesmo, te perguntei qual era o seu sonho.
Pois não sabia se tinha um.
Um sonho solo.

E a cada dia que passa, parece que desaprendo.
Desapego.
Não sei mais fazer planos.
Não sabemos.
Nada de dinheiro.
Não sei poupar, nem a ti, nem a ninguém que me cerca.
Não sei dos seus anseios.
Não sabemos de quem é a culpa.
Não nos importamos com a culpa,
mas nos livramos dela.
Não usamos armas de fogo, nem espadas, só palavras.
Assim, somos nossas próprias forcas.

Pensar me faz sumir a cada dia.
Me faz medir qual de nós perdeu mais desde o último verão.
Quem sorriu menos e fracassou mais.
Pensar me faz pensar mais a cada dia.
E pensar que posso morrer pelo cérebro e não pela boca,
sem fazer nada.
De mãos abanando, sem escrever, pensando só,
na minha cozinha que transformei em escritório
para sentir bem de pertinho a dor e delícia da frigideira.
Fritando.
Vou morrer de pesar.
---------------------------------------------------------------------www.fotolog.com/ballsplace (para pedir para o Papai Noel)
TEM FOTOS NOVAS NO MEU ÁLBUM!!!
Ball´s Place
São Paulo: rua mourato coelho, 451 - Pinheiros - fone: (11)3814.4960
rua augusta, 2690 - Jardins - Galeria Ouro Fino 2º PISO fone: (11)3082.3821
Sorocaba: ***atendendo com exclusividade***
rua da penha, 1126 - Centro - ARP ALAMEDAS
fones: (15)3234.3821 e 3011.9099
encomendas ON LINE? luizapannunzio@terra.com.br
http://botinhaderave.blogspot.com/

Monday, October 16, 2006

Chega de falar de coisas felizes, porque a verdade é que Luiza não sabe onde colocar suas mágoas.

Passo os dias pensando onde colocar tanta mágoa.
Tamanha a minha decepção com a vida.
Onde deixo meus maus pensamentos se não no desenho, no desejo, no pesadelo?
Não sei o que fazer com meu desgosto.
Meu osso.
Rui um zumbido ruim no meu ouvido que desce e dá um nó na garganta.
Meu ponto fraco.

E onde foi que você colocou nossa mágoa naquela manhã?
Por que a levou para passear no parque?
Para tomar sol.
Para lamber sorvete de morango.
Para contemplar uma lagoa falsa com peixes famintos por fandangos.
Como se atreve fingir que ela não lhe dói?
Não sei o que faço com as más lembranças que por
hora insistem em me mostrar o quão vivas estão.
Me rasgando por dentro.
Invadindo-me.
Doendo.
Me deixando de cama com o despertador tocando às sete.
Remoendo cada palavra, cada argumento,
cada gesto que faço força para esquecer.

Maldita memória.
Devo fugir de mim mesma?
Da minha história?
Preciso.
De um remédio. Uma droga. Um médico.
Uma porra qualquer.
Preciso de ajuda?

Mamãe disse que as coisas ruins a gente esquece.
- Apenas as boas ficam. São palavras dela.
Não acredito.
Talvez a pressa me faça descrente.
Mas minha mãe não mente.
Alivia.
E faz assim desde que sou menina.
Para eu não desistir de sobreviver.
Maquiando-me para não desmaiar.
Para eu pensar que nasci pra vencer,
pra ganhar, pra amar,
pra ser tão feliz quanto os outros parecem ser.

Não é que eu seja infeliz.
Não. Não é isso.
Absolutamente.
É que ultimamente, minhas mágoas não me têm deixado dormir.
E eu, as aceito, completamente.
Porque este é um tormento só meu e de mais ninguém!

Com os olhos bem atentos,
observo as más mágoas do lado direito do
meu travesseiro a noite toda.
Para que nenhum detalhe me escape.
Então, alguém aí, tem alguma idéia?

Sei que todo mundo passa na vida
por momentos difíceis.
E que não dá para avaliar o quanto o outro sofreu,
se foi mais ou menos.
Mas observar o sofrimento alheio nunca
me assegurou tranqüilidade, mesmo que tardia.

Sei também que nessas fases a gente aprende
algumas coisas sobre o nosso próprio comportamento,
que amadurecemos.
E que depois da tempestade,
vem à chuva fina, o chuvisco, a ventania, o céu nublado
e só então o esperado sol aparece.
Ufa! Finalmente.
Mas este blá, blá, blá não me comove nem locomove.
Porque a verdade é que eu não sei onde colocar
minhas mágoas queridas.

Também já pensei que talvez
eu não queira me desfazer delas.
Mas esta é uma hipótese que eu jamais vou admitir.
Afinal, socialmente isso seria um escândalo!
Já posso ler a manchete do dia:
“Garota branca e de boa aparência não quer se desfazer de suas mágoas”.

Colecionando cicatrizes.
Catalogando coisas tristes.
A melancolia me inspira.
Matéria-prima.
Assim, em mim seu tiro pegou de raspão.
E se era para ferir profundamente...
Saiu pela culatra.
Mostrou-me a força e a determinação necessária
e um coração trabalhando a mil por hora.
É por esta razão que chego ao início dos meus
vinte e sete com um enorme desejo de colocar
todas as minhas mágoas na estante da sala.
Bem pertinho do piano.
E toda vez que você tocar ali uma canção,
vou me lembrar que tudo aquilo,
já esteve dentro de mim.
Pode ser que eu ainda chore algumas vezes.
Pode ser que eu me arrependa.
Mas de qualquer forma, prefiro aprender a
conviver com minhas próprias dores a esquecê-las para sempre.
E o prazer, ao meu futuro pertence.
Afinal, amanhã é outro dia.

Alguém aí tem algo a dizer?
luizapannunzio@terra.com.br



Ball´s Place
São Paulo:
rua mourato coelho, 451 - Pinheiros - fone: (11)3814.4960
rua augusta, 2690 - Jardins - Galeria Ouro Fino
2º PISO fone: (11)3082.3821
Sorocaba:
***atendendo com exclusividade***
rua da penha, 1126 - Centro - ARP ALAMEDAS
fones: (15)3234.3821 e 3011.9099

Saturday, September 30, 2006

A saudade é duvidosa. A saúde é uma mentira.

Vivo esperando o adoecer sadio do meu corpo.
Que a mentirosa medicina tenta adiar.
Adiantando o adiar futuro presente doente de todos os presentes.
Nesse mundo inferno.
O Adiar da dor.
Sem dor, por favor, porque hoje e
desde sempre existe a morfina!
Para o progresso da medicina,
voltemos à morfina!
Abolida!

Os remédios são mentiras vendidas a prazo.
No cartão.
De plástico.
Na era do dinheiro digital.
Prolongando-nos.
Endividando-nos.
E acostumando-nos a consumir todo dia mais.
Mentira.
Tática, prática, antiga e inimiga.
Drogas de drogarias que já não saram,
mas nos fazem viciar.
Por mentiras que andam me contando
desde o dia em que nasci.
De que tudo vai melhorar.

Como?
Se tudo é uma mentira.
Insana promessa corrompida e desmedida.
Se a felicidade é uma mentira que eu mesma invento.
Se o desejo é uma mentira que eu estimulo.
Se a comida nos mata lentamente com os agrotóxicos mais modernos.
Se a minha pasta de dentes não deixa meus dentes mais brancos.
E o adoçante, pode me fazer mal.

Se o celular, dizem esquenta o cérebro.
E a minha taboa de carnes da cozinha estava cheia de bactérias.
Se o amor é um pleno momento de euforia,
que passa e é absorvido dia após dia.
E o meu corpo pede calma para suportar o trauma.
Se os livros são apenas histórias.
E os programas de TV, ficção.
Se uma sessão de cinema custa R$30,00
e o salário mínimo R$300,00.
Se meus dias são corridos e eu agüento.
Desmaio de mentira aos domingos,
na cama, esperando a segunda chegar.
Se não posso me dar o digno direito de enlouquecer
deprimida em meu quarto
porque o despertador toca sem cessar.
Se não me acho no direito de ter filhos neste mundo
que inventamos para viver.
No processo doloroso de crescer,
concorrer e ser alguém melhor.
Uma mentira melhor.
Se o pelo dos meus cães me deixam alérgica.
Tossindo, sem respirar.
Ofegante.
Paro a pensar...

Se tudo é uma mentira.
Para que na verdade estamos aqui?

LP:(

Friday, June 16, 2006

Amor contínuo.

Ame seus pais e seus irmãos.
Eles são a base de sua vida, seu chão e quem
com certeza vai sempre te ajudar.

Ame suas tias e tios, porque foram eles que
por muitas vezes zelaram seu sono,
quando você era apenas uma criança mimada.
Eu sei, não se lembra!
Mas você só vai entender o amor dos tios,
depois que sua primeira sobrinha nascer.
Então, não perca tempo.

Ame!Seus primos e amigos por mais que eles
sejam completamente diferentes de ti.
Aceite-os.
Aceite-se.
Todo mundo tem defeitos.

E por falar neles...
Ame sua barriga, suas celulites e as tais estrias.
Elas indicam que sua vida está repleta de
prazeres gastronômicos.
Ame também seus quilos a mais,
porque se eles não existissem,
você jamais poderia comemorar a vitória de um dia perdê-los.

Ame seu cabelo do jeitinho que ele é.
E o seu armário...
Mude.Completamente.
Experimente coisas novas, outras cores.
Calças largas e calcinhas de algodão.
E não troque seu velho pijama por nada nesse mundo.
Ele é o seu companheiro de sonhos.

E é com aquele tênis feio e fora de moda,
com o formato exato dos seus pés,
que eu acho que você deve sair para
caminhar todas as manhãs.
Leve os cachorros.
Pra pensar.
Pra amar as coisas que estão do lado de fora.

Tarefa difícil.
Respire.

No fundo, procure outra pessoa para amar um tanto,
que de até vontade de se casar com ela.
Aliás, ame assim quantas pessoas quiser no decorrer da vida.
E case-se quantas vezes forem necessárias.
Não há nada mais complexo que o casamento.

Namore.
Não importa o sexo, nem a idade.
E não se preocupe com o tempo que a paixão vai durar.
Se gostem.
Se assumam.
Se curtam.
Se abracem.
Beijos.
Viagens.
E saiam para dançar sempre.

Tomem café da manhã juntos.
Fiquem o domingo inteiro na cama,
enquanto o mundo despenca numa chuva fria e fina.

E quando você achar que já amou demais nessa vida...
Tenha filhos.
Se não conseguir, adote.
Dizem que não há amor maior.
E eles vão crescer,
amando você e muitas outras coisas e pessoas.
Com sorte, você terá netos.
E dos seus netos, receberá mais tarde com muito orgulho,
o amor dos bisnetos...

Pois, o nosso amor é contínuo.
Para sempre.
E infinito.

Publicado na Revista Ego 2 - Sorocaba SP.

Friday, May 05, 2006

Ação e Reação.

Diversas vezes tenho vontade de jogar do alto do prédio,
do quinto andar, tudo aquilo que nos restou.
Nada.

Diversas vezes tenho vontade de falar às pessoas tudo o que eu penso delas,
de dizer na cara as verdades enxergadas, as mentiras lavadas.
Palavras.

Diversas noites tenho vontade de vomitar o jantar,
de gritar, de chorar, de abraçar alguém bem forte, de colo, de útero, de mãe.
Desabafos.

Diversas vezes tenho nojo do Pronto- Socorro,
quero me lavar, me despir dos problemas, me anular por algumas horas.
Fuga.

Diversos dias me encontro em completo desespero,
deitada no chão da cozinha, gelado, de óculos escuro, sentindo o próprio pulsar.
Passa.

Diversas vezes olho para você e não vejo nada,
não quero nada e não posso te tocar.
Cegueira.

Diversas tardes chorei, chorei e chorei.
Lágrimas.

Diversas vezes busquei respostas nas histórias,
nos livros, nas palavras sábias.
Deus.

Diversas foram as vezes que eu desisti,
por poucas horas, não vi luz e quis você.
Amor.

Diversas serão as vezes que será preciso um recomeço,
aprender de novo a andar, a sentir todos os prazeres e todas as dores que o destino guardou pra nós.
Vida.

Monday, March 13, 2006

Arbitrariamente pensei em solucionar este caso de amor.

Um jura que amou demais,
se deu a mais, ensinou mais e foi mais feliz que o outro.
Outro, não diz nada.
Não acha nada, nem sente nada.
Só sente muito.
Está em choque e perdeu a fala.

Esqueceu-se de todas as trocas e dos pactos
que todo e qualquer casal feliz faz ao se apaixonar.
Perderam-se ali, em primeiro lugar,
os sonhos sonhados de todos os dias ou noites trocadas.

Na luz do computador,
ela não encontrou nada para sarar a dor.
Revirou a casa, procurando uma razão ao descompasso.
Enquanto o outro,
só achava linda a luz da TV azul refletida nela.
Sempre assim.
Eram quase platônicos.

Foi quando o castelo de areia na beira do mar,
que estavam fazendo para morar,
desmoronou antes da água bater.
Um vendaval passou levando alguns grãos de areia.
Foi o que bastou.
Ficaram sem alicerce.

Agora o casal passa os dias olhando para o céu.
Procurando os tais grãos de areia que
se perderam ao vento.

No universo.
Só estrelas.
Sem espaço nem tempo.

Um deles pensou em virar um passarinho
e sair voando sozinho.
Montar seu próprio ninho
numa árvore alta e distante de tudo.
Mas reconsiderou.
Já amou demais, se deu a mais,
ensinou mais e foi mais feliz que o outro,
para largar sua metade assim, ao meio.

Começo e fim.
Infinito.

Wednesday, March 01, 2006

Com - Fusões.

Vou vivendo o dia.
Sem gosto.
Sem vontade de acordar.
Sem aspirinas.
Nem estimulantes.

Reescrevendo a história que não é minha.
Por onde estou de passagem.
Pagando por toda viagem que não fiz.

Vou levando a vida, tentando descobrir quem somos nós de outro dia.
Inventando dúvidas, dívidas, correndo e atropelando os nossos sonhos.
Na nossa cama desfeita.
Nosso fogão.
Nossas nuvens.
O meu chão.

O barulho e a luz são da televisão.

Saturday, February 18, 2006

Ao desespero.

Aos poucos.
Sinto-me forte.
Decididamente forte.
Perdôo tudo e não esqueço nada.
E ainda levo o nosso rancor para
passear aos domingos pela manhã
num parque qualquer.

Me divirto com a pequena idéia imaginária
e ordinária dos poucos que acharam
que o peso era muito grande para mim.
Que zombaram de mim.
Riram.
E torceram-me contra.

Contra o quê?
Você!
O que queres de mim?
Meus rins?

Estou bem aqui.
Levando o piano nas costas, literalmente.
E sem reclamar da dor.
Os analgésicos fazem-a passar lentamente.
E os exames médicos tentam nos explicar
o que ninguém quer saber.

Nada.

As semanas passam rápidas.
E eu sinto-me a cada dia que passa, mais forte.
Decididamente forte.

Friday, February 03, 2006

A morte de LP.

Resolvi morrer.
Porque com a dor que eu sentia, não poderia escrever.
Não me aliviaria, nem a ti.
Nem a ninguém.


E já percebi que de tempos em tempos eu me deleto.
Por inteiro.
E não sobra nada.
Pra mim nem para você.
E eu realmente não sinto nada.
Só sinto muito.

Depois passa.
Mais rápido e veloz que as horas.
E de repente, me sinto de novo pronta a recomeçar.
Forte.
Com os dois pés pra trás.