Monday, March 13, 2006

Arbitrariamente pensei em solucionar este caso de amor.

Um jura que amou demais,
se deu a mais, ensinou mais e foi mais feliz que o outro.
Outro, não diz nada.
Não acha nada, nem sente nada.
Só sente muito.
Está em choque e perdeu a fala.

Esqueceu-se de todas as trocas e dos pactos
que todo e qualquer casal feliz faz ao se apaixonar.
Perderam-se ali, em primeiro lugar,
os sonhos sonhados de todos os dias ou noites trocadas.

Na luz do computador,
ela não encontrou nada para sarar a dor.
Revirou a casa, procurando uma razão ao descompasso.
Enquanto o outro,
só achava linda a luz da TV azul refletida nela.
Sempre assim.
Eram quase platônicos.

Foi quando o castelo de areia na beira do mar,
que estavam fazendo para morar,
desmoronou antes da água bater.
Um vendaval passou levando alguns grãos de areia.
Foi o que bastou.
Ficaram sem alicerce.

Agora o casal passa os dias olhando para o céu.
Procurando os tais grãos de areia que
se perderam ao vento.

No universo.
Só estrelas.
Sem espaço nem tempo.

Um deles pensou em virar um passarinho
e sair voando sozinho.
Montar seu próprio ninho
numa árvore alta e distante de tudo.
Mas reconsiderou.
Já amou demais, se deu a mais,
ensinou mais e foi mais feliz que o outro,
para largar sua metade assim, ao meio.

Começo e fim.
Infinito.

Wednesday, March 01, 2006

Com - Fusões.

Vou vivendo o dia.
Sem gosto.
Sem vontade de acordar.
Sem aspirinas.
Nem estimulantes.

Reescrevendo a história que não é minha.
Por onde estou de passagem.
Pagando por toda viagem que não fiz.

Vou levando a vida, tentando descobrir quem somos nós de outro dia.
Inventando dúvidas, dívidas, correndo e atropelando os nossos sonhos.
Na nossa cama desfeita.
Nosso fogão.
Nossas nuvens.
O meu chão.

O barulho e a luz são da televisão.