Acordara assim.
Comentou ao atravessar a rua:
_Estou num bom humor de dar pena!
Raro.
Previsivelmente curto para uma manhã de quinta.
“Vixi... Hoje já é quinta.” Pensou.
Ela que agora conta o tempo de trás para frente,
fez meio minuto de silêncio para constatar que faltam
99 dias para ele ir embora.
Mas cadê o bom humor?
Sorri preferindo ignorar a matemática do amor.
É muito cedo para se fazer contas Luiza!
E depois hoje é dia de pagamento por aqui.
Dia de pagar as funcionárias.
Dia em que elas ficam felizes quando a vêem chegar à loja.
Dia de ir ao banco, ficar horas na fila...
Ok, não vamos pensar nisso.
Passam das oito e quarenta da manhã.
Sua aula na Consolação começa as nove.
Tem fome.
Resolve que precisa de um pão com queijo
e três toddynhos que dividirá com ele.
_Me espera no carro?
Fila.
Fica apreensiva.
Afinal, ele está no carro a sua espera.
Ela odeia fazê-lo esperar.
Bobagem.
Luiza precisaria tentar ser igual às outras mulheres.
Mas insiste em mostrar-se diferente.
Independente e pontual.
Alguém gosta?
Só o pai da gente gosta.
Aposto!
O moço do caixa pergunta educadamente:
_Cartão Mais? Nota Fiscal Paulista?
enquanto ela devaneia suas dúvidas,
o que só a faz atrasar ainda mais.
_Não, não, não. Nada disso. Obrigada.
Sorri amarelo.
Corre para o carro.
Ele estava lá, lindo e ruivo como sempre.
Sem nenhum comentário.
Pertinente. Mostro o achocolatado...
Ele sorri de leve.
Tudo bem, ainda é cedo...
Estávamos os dois de bom humor.
Que coisa mais linda!
E rara.
E previsivelmente curta.
Trânsito!
Ele fica no Jardins.
Ela segue com Beirut tocando bem baixinho.
Faz sua aula com um cara que se apresenta como
um feliz jardineiro, americano, formado em agronomia,
que vive no Brasil. Sim, e a palestra era sobre
sua vida auto-sustentável.
Planta, colhe, vive sem grana e sem energia elétrica.
No meio do mato.
No meio do nada.
Que lindo.
Poético.
Mas seu primeiro casamento acabou...
“É lógico!” ela pensa.
Faz contas.
Irrita-se.
Já não é mais tão cedo para a matemática.
Finanças... Empresas... Contas e contas e mais contas.
De onde vem tanto boleto?
Sabe quanto me custam estas aulas Senhor Jardineiro feliz?
Deu meio dia.
Ufa!
Ela não tem fome.
Aff!
Caminha até o carro e com ele se introduz no trânsito.
Congestionado.
Soro Fisiológico.
Te contei?
Não respira há dias.
Não respira de manhã, nem de tarde, nem de noite.
Mas de noite, piora.
Almoça qualquer coisa.
Está nos 51kg e isso está longe de ser uma boa idéia.
Bancos.
Lojas.
Paga todo mundo.
Fica sem um puto.
E sofrimento pouco é bobagem.
Toca o telefone.
Lembra?
Tem hora marcada com a depiladora!
Ui!
E lá vai ela, no maior bom humor passar pela dor.
Dói, mas passa.
Antes de casar sara.
Sara?
Ahahhahah
Que piada!
Lembra-se momentaneamente da Nona.
De sua mãe.
“Vixi, é dia das mães”...
Telefona.
_O que quer de presente?
_Uma planta.
Acha que é fácil?
Um sapato é bem mais prático.
Mas tudo bem, quem mandou perguntar?
Poderia dar um livro, um DVD...
E como se transporta uma planta?
Tensão!
Um minuto e meio de silêncio entre uma puxada e outra de cera.
Ainda é cedo para se preocupar com isso.
Hoje é quinta, o dia das mães é só no domingo!
E faltam 99 dias para ele seguir viagem...
Thursday, May 08, 2008
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1 comment:
LP, bom dia! [ainda é manhã aqui]
Primeiro queria dizer que AMO o seu blog. Tão cheias de sensibilidade as coisas que você escreve. A essa altua eu já devo ter lido ele todo, visitei seu flickr e pode ter certeza de que quando for a São Paulo darei um pulo em sua loja. ;)
Dito isso, gostaria muito de saber que aulas são essas que você tem tido. Parecem muito interessantes e pelo que li aqui vêm muito a calhar com o que eu acho que gostaria de estudar quando eu voltar pra Sampa.
Um beijo,
Flavinha.
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