De fato, tato e olfato ela entrou num mergulho interno.
Sem paladar.
Perdeu o gosto das coisas enquanto sua cabeça pensava
nas possibilidades mais absurdas de fuga.
Escondeu-se por entre as cortinas da sala,
mas os pés confortados em belos sapatos vermelhos denunciaram-na.
Ali!
Parada.
Há meses.
Se desfez no escuro.
Fluido. Fundo.
Um mar de lágrimas.
Pacífico.
Em seguida se pôs em movimento.
Perdeu-se.
Desconhecendo o caminho das águas.
Correndo de tudo sentido, sem sentido algum.
Ora para esquerda, ora para direita, ora estática.
Chegou a rezar.
Pedir, suplicar por direção.
Enquanto o carro que dirigia subia a Rebolsas aos prantos.
Era só tristeza.
Virou física.
Lhe doía.
As juntas, a cabeça, o peito.
Um aperto. Teve dores de barriga.
O nariz a soltar sangue, ainda esta manhã.
A respiração que nunca lhe fora fácil, piorara.
Faltou ar. Faltou fôlego. Faltou tudo.
Só a angustia transbordava.
E as palavras.
E o nanquim, tingindo o vazio de preto.
E os desenhos povoando seus sonhos.
Traçando com clareza novos planos.
Dando forma delicada aos seus medos, desejos, certezas e afins.
Thursday, July 10, 2008
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