Resfriada, queria muito deitar e dormir.
Fato é, que hoje a tarde saíram para ver uma exposição
de fotografias e aproveitaram o delicioso café local.
Depois, mais tarde o vizinho veio buscar a sopa de mandioquinha
de ontem e dá-lhe mais café. Resultado, está sem sono.
E ideias (sem acento conforme manda a nova regra)
poluem sua cabeça que na verdade deveria descançar.
Anda querendo escrever. Aleatóriamente.
Anda escrevendo aliás. Coisas que nunca foram ditas.
Das quais se envergonha. E por que?
Talvez para se livrar delas de vez. Quer se despir.
Desinibir. O que me faz crer, estás louca!
É o ser mais tímido que reconheço. E depois,
escrever sobre isto te fará reviver todas estas situações difíceis.
Sei que existe parte dessa sua memória
que nunca mais teve contato. Manteve distância dela
na maior parte do tempo. E fez bem! Auto- controle!
Sobrevivências... Só às vezes, as lembranças são mais
rápidas do que você e vêm à tona num piscar de lágrima.
Ignorou-as até agora por falta de força em enfrentá-las
e passado tanto tempo... Pense, valerá a pena relembrar?
01.
Ela o encontrou sentado num canto da sala.
Ele chorava compulsivamente.
Aquele homem grande e forte parecia uma criança.
Tinha medo. Resistia ao toque. Não respondia suas perguntas.
Não falava. Apenas chorava e muito. Caminhava de um canto a outro.
Dava voltas em si mesmo. Parecia que não a enxergava.
Ela pedia para que ele se acalmasse, para que lhe contasse o
que havia acontecido. Mas ele não a ouvia e se ouvia não respondia.
Como se a comunicação entre eles tivesse sido rompida ali,
naquele momento, naquele lugar estranho comum.
Cantarolava uma música de Gil continuamente.
Sem interrupção. Talvez isto tenha levado mais de seis horas.
Ele em surto cantando aquela canção que
depois de anos ela ouviu uma única vez numa mesa de bar.
Reconheceu e começou a chorar. Que idiota.
Mas foi exatamente o que aconteceu.
O rompimento se deu ali. E ela só o comunicou dois anos mais tarde.
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