Já faz tempo que penso como é ter 30.
Desde os quatorze.
Mas nunca estive tão próxima de completar
esta idade. E agora que a data se aproxima, vejo
quanta bobagem já foi dita. Especialmente por mim.
Não acreditem em mim.
Sou volúvel. Absolutamente.
Terça feira, onze; é meu aniversário.
Não tenho vontade de festa, não tenho vontade de nada.
Quer dizer, tenho `as vezes, mas passa.
Sinto uma enorme preguiça.
Não dos amigos. Mas da função que é fazer aniversário.
Apagar a velinha. Atender a todos aqueles telefonemas,
abrir os presentes, gostar dos presentes, agradecer os presentes,
agradecer por terem vindo, fazer marmita de bolo para os mais
íntimos levarem calorias para casa, desfazer-se de todas as embalagens...
Meu Deus! Tragam-me os presentes sem embrulhar dessa vez!
Por que? Não achem-me mal humorada,
apesar de merecer este título de vez em quando.
Mas, não sinto que nenhuma mudança deva ser celebrada.
Só a da lei anti-fumo!
De resto, não mereço palmas, bexigas, e já sei bem com quem será
que vou casar. Nada me anima `a festejar!
Nem mesmo minha estável condição hormonal.
Não me acho mais equilibrada emocionalmente.
Nem enrugada e muito menos mais sábia.
Fazer trinta, de repente, ficou sem graça.
Aliás, há pouco descobri que ser adulto é uma coisa chata.
Que os livros não bastam para nos distrair.
Muito menos as pessoas.
Que o paladar refina-se e para saborear verdadeiramente
algo com prazer, é preciso mais que dedicação.
Inclusive no sexo.
É aos trinta que percebemos que tudo se torna repetitivo.
Os filmes, as peças, as histórias de amor.
As mulheres continuam se odiando.
Mas, não deixam de trocar receitas.
De bolos `a cremes que andam usando ao redor dos olhos.
Já eu, não uso cremes.
Então, me dá o endereço do seu médico?
Eu não vou ao médico.
Do ortomolecular?
Posso te passar de um homeopata, mas não o recomendo...
Olha, eu tenho uma massagista ótima!
Por que, estou com cara de quem está tensa por acaso?!
E não está?
É... Culpa de uma enorme vontade vocacional para ser mãe
que anda me invadindo. E uma pequenina pressão social
que anima-me a prosseguir com esta vontade que
chega a me angustiar. E se eu não conseguir? Serei um fracasso maior!
_Luiza, vem deitar... Vem vá...
_Já vou amor. Já vou...
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1 comment:
Eu pensava exatamente assim nas vésperas dos meus 30. Só que, se foi "azar" meu. ..? Seeei Lá. Mas que, quase TuDo mudou muito radicalmente na minha vida depois dos 30... (tb aos 31, 32, 33, 34, .....). Algo foi diferente na sua vida, que não: dia apÓs o outro!??????????
Sabe o que muda?? muda que começamos a ter mais consciência das coisas.
E digo >>> é chato!
...
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