Meu amor fez esta semana 30 anos.
Eu farei em agosto.
Mas antecipo minha conclusão de que fazer 30 anos
significa além de já termos amado algumas outras pessoas nessa vida,
além da experiência adquirida, das inseguranças profissionais,
das dores e gorduras acumuladas, a dificuldade para
conviver com a bebida, o cigarro e o trabalho;
fazer 30 significa acima de tudo isso que,
nossos pais estão ficando velhos.
Sim, eles têm quase 60. Não adianta disfarçar.
E não há plástica que resolva o tempo interno.
O tempo do coração, da memória ou do pulmão dos que fumam.
O problema é que aos 30 ainda
não somos totalmente crescidos.
Os filhos para os pais como dizem, nunca crescem.
Mas também, esta posição de
dependência passa a ser um conforto.
Um PLUS para nossa geração. Tome!
Faz parte do negócio e parece bom para ambos os lados.
Como se os laços de amor se fortalecessem
nutridos das dificuldades que sentimos
para gerir nossas próprias vidas.
Provocada também por eles que nos pouparam de
quase tudo que era indigesto até agora.
Mas aos 30 a coisa muda.
Deixamos de ter aquele ar de enganáveis.
Acho que é isso.
Tornamo-nos adultos, barbudos, peludos.
E alguns de nós até já tem filhos!
Dentro do mesmo sistema poupante em
troca de um cotidiano doce.
Porque assim é que se faz.
Mas aos trinta, ouça meu amigo, as coisas mudam.
Nossos pais sentem a obrigação de nos colocar a par
das dificuldades da vida real.
Pois sim, somos jovens crescidos
e parecemos mais fortes e saudáveis do que eles.
Acrescidos de tais responsabilidades,
lhe digo por experiência própria
que, viver passa ser desesperador.
Perceber a vida como ela é
sem o filtro deles é duro, por vezes cruel.
O pior é que ainda não
estamos aptos à resolver os problemas que eles relatam.
E às vezes estes nem existem soluções.
O que acaba por nos fazer sentir de novo pequenos.
Menores. Incapazes. Deficientes.
Faz sobrar mais algumas culpas grandes e felizes.
Vira um drama adulto.
Do qual não há como escapar.
Bem vindo!
PS.: Hoje, deitada na cama enorme de meus pais,
com vovó Eca de um lado e mamãe do outro tive
a nítida impressão, enquanto vovó segurava minha mão, de
que ela não espera mais nada. Só que o tempo a faça descansar.
E que graças ao Alzheimer que há anos anda com ela
não percebe mais o tempo passar.
Os dias dela são feitos de açúcar.
Monday, March 23, 2009
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3 comments:
Lu, chorei pela vó...
pelos dia de açúcar!
por sentir o vazio q vc sentiu!
Nossa, teu PS. me deixou com lágrimas nos olhos.
Lembrei da minha vó... q só foi e tinha Alzheimer.
Adorei o modo como vc escreve!!!
bjos
só = se
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