Saturday, September 30, 2006

A saudade é duvidosa. A saúde é uma mentira.

Vivo esperando o adoecer sadio do meu corpo.
Que a mentirosa medicina tenta adiar.
Adiantando o adiar futuro presente doente de todos os presentes.
Nesse mundo inferno.
O Adiar da dor.
Sem dor, por favor, porque hoje e
desde sempre existe a morfina!
Para o progresso da medicina,
voltemos à morfina!
Abolida!

Os remédios são mentiras vendidas a prazo.
No cartão.
De plástico.
Na era do dinheiro digital.
Prolongando-nos.
Endividando-nos.
E acostumando-nos a consumir todo dia mais.
Mentira.
Tática, prática, antiga e inimiga.
Drogas de drogarias que já não saram,
mas nos fazem viciar.
Por mentiras que andam me contando
desde o dia em que nasci.
De que tudo vai melhorar.

Como?
Se tudo é uma mentira.
Insana promessa corrompida e desmedida.
Se a felicidade é uma mentira que eu mesma invento.
Se o desejo é uma mentira que eu estimulo.
Se a comida nos mata lentamente com os agrotóxicos mais modernos.
Se a minha pasta de dentes não deixa meus dentes mais brancos.
E o adoçante, pode me fazer mal.

Se o celular, dizem esquenta o cérebro.
E a minha taboa de carnes da cozinha estava cheia de bactérias.
Se o amor é um pleno momento de euforia,
que passa e é absorvido dia após dia.
E o meu corpo pede calma para suportar o trauma.
Se os livros são apenas histórias.
E os programas de TV, ficção.
Se uma sessão de cinema custa R$30,00
e o salário mínimo R$300,00.
Se meus dias são corridos e eu agüento.
Desmaio de mentira aos domingos,
na cama, esperando a segunda chegar.
Se não posso me dar o digno direito de enlouquecer
deprimida em meu quarto
porque o despertador toca sem cessar.
Se não me acho no direito de ter filhos neste mundo
que inventamos para viver.
No processo doloroso de crescer,
concorrer e ser alguém melhor.
Uma mentira melhor.
Se o pelo dos meus cães me deixam alérgica.
Tossindo, sem respirar.
Ofegante.
Paro a pensar...

Se tudo é uma mentira.
Para que na verdade estamos aqui?

LP:(