Tuesday, October 28, 2008

Delícia!

Acho uma delícia não ter que te
explicar que preciso de cuidados.
De alguns.
Como todos.
Como os outros.

Delícia, acho.
Quando você chega.
E quando parte, quase que me ao meio.
Delícia te esperar de forma tranqüila
alienando dentro do meu apartamento.
Fazer receitas que sei que adoraria o cheiro.
Inventar temperos. Bolos. Bolsos.
Vestidos pra você me ver ao vivo.
Desejos traçados em finas linhas pretas.
Colorindo.

Delícia é sentir ainda um téco de você no travesseiro.
Ao deitar, percebo os privilégios de quem recebe a visita.
Seu agasalho no meu cabide.
Seus olhos no banheiro.
Sua música no meu piano.
No nosso.
Estou achando tudo uma delícia...

Thursday, October 23, 2008

Tuesday, October 21, 2008

Mini Explanação!

Chama-se Aeroporto porque
é lá que te encontro e te perco.
Despenco e levito.
Sorrio e fico meio muda à te olhar.
Oscilo.

É lá que a menina-pena percebe
que não sabe voar.
Pena...
Presa no ar.

Monday, October 20, 2008

Thursday, October 16, 2008

a pena - sentença.

_Vamos deixar leve Lu.
Já é naturalmente difícil pela distância...
_Eu não sei ser leve.
_Mas tem que aprender.

Assim levantou a menina na manhã de quinta.
Levitou.
Disposta à mudanças.
Densa.
Pesando os prós e contras
do amor que carrega na cabeça.
Inventado.
Deu pena.

Em outras palavras...

Crônica de uma menina crônica
Por Adriana Guivo


Ela sentiu crônica a dor de amar ao telefone.
Mas antes lhe doía a dor de amar quem só lhe fazia doer-se inteira.
Foi pouco o tempo do amor-sorriso, do amor-abraço,
do amor entre lençóis e panos de prato esperando serem limpos.
A roupa suja se acumulou rápido, transbordando no cesto de lixo,
incalculável mesmo na lixeira virtual.
Seus depoimentos do quanto sofria, compartilhados
publicamente na rede, rendeu-lhe alguns solidários.
Mas o que lhe pesava era a solidão partilhada a dois.
Deixou assentar uma fina camada de poeira sobre as
fotos e memória, sobre toda a mobília,
indo sentar distante da estante que presenciou o princípio do fim.
Nenhum dos livros que ela contém
poderia descrever o amargo paladar das agressões verbais.
Ou mesmo da física (nada quântica).
Foi numa conversa fonada que disse
”não me procure mais”,
ao que ouviu em resposta
“me empresta seu carro ou me dá uma carona?”
Caminharam ruivos de cabeça quente e corações partidos.
Idos. Naturalmente são assim,
carregando estórias anteriores como membros
indispensáveis de seus corpos falíveis.
A fina camada de poeira – a parte mais delicada da relação
– desfez-se estando ela já no meio de uma outra ligação, uma ponte Rio-SP.
Ele ligou só pra dizer que na Bélgica o chocolate
que eles compravam em Pinheiros era muito mais barato.
Foi um engano.
Aquele número já não existe mais
pra esse tipo de mensagem cifrada.
Sem saber o que dizer e sem saber comportar o silêncio,
perdeu a compostura ao deixar escapar os piores verbos
daquele passado imperfeito de meses atrás,
que já não permitia nem mesmo a condição de serem futuros amigos.
Adoraria ter posto o telefone no gancho,
mais romântico que a tecla vermelha de
seu celular terminando a conversa.
Alô? Ninguém, só o vazio do som.
Era só pra confirmar.
Ligou para a melhor amiga e disse:
“acho que o que eu amo mesmo é um telefone:
minhas estórias estão sempre por um fio ou do outro lado da linha”.
Ela é só uma menina crônica que ama
mesmo quando odeia, que atende números privados
ou desconhecidos, e que não entende como uma ligação
se encerra e encerra junto a ligação entre duas pessoas.

Tuesday, October 14, 2008

Deles . no Pão de Açúcar.

"Que lindo ouvir isto de você.
Se eu pudesse tinha filmado.
Acho que vou perdir as imagens
das câmeras de segurança..."

Friday, October 10, 2008

Coabitação Pacífica dos Contrários.

Por favor, não me ligue.
Por favor, não me esqueça.
Por favor, não aborreça.
Não desista.
Não insista tanto assim, é madrugada.

Por favor, me chama.
Me deixa.
Me fala as verdades, as piores, as melhores.
Inventa.
Por favor, me perdoa.
Me esquenta.
Me faz amar.
Odiar.
Crescer.
Por favor, tenta.
Me mova.
Remova todas suas coisas daqui.

Por favor, não volte.
Não se arrependa.
Não me maltrate.
Não olha assim para mim.
Por favor, me escuta.
Não vá embora, ainda é cedo.
Me deixe só se for para sempre.
Por favor, repense.
Por favor, me faça um favor qualquer.

Ela aprendeu com Jurandir Freire Costa:

O cultivo dos sentimentos,
usa as sensações privadas como meio de refinar a satisfação
que podemos ter com a memória das interações emocionais
vividas com o outro próximo.
A realização romântica tem no gozo das sensações
um trampolim para o esforço nos sentimentos de apego,
ternura, preocupação, devoção ou
deleite com a posse ou monopólio do
desejo erótico do parceiro.
A satisfação sensual é um instante que abrevia
a história da relação entre sujeitos,
cujo maior objetivo é a fruição do sentimento a dois.
Saber o que significa “estar apaixonado ou enamorado”
exige dos sujeitos a competência para distinguir
entre a “pura satisfação sensual” e a
“satisfação com a rememoração da satisfação
sensual e sentimental que se pode ter com o outro”.

Thursday, October 09, 2008

Dá pra ser ao vivo?

Esqueça o presente.
Te quero presente.

Tuesday, October 07, 2008

entre amigos com amigos em volta:

_ Diga aí uma qualidade que você enxerga
nos outros que acha que lhe falta.
_ Ai Du, está parecendo meu homeopata!
_ Diz aí Lu!
_ Ah tá, então vai! Queria ter menos força no amor.
_ Depois dessa, vou buscar uma cerveja...

Passa aí sua gratidão!

Ali num cruzamento da Rebolsas,
o homem faz malabares com facas enormes de verdade.
É uma breve apresentação,
dura o tempo vermelho do sinal.
Perigosa e ao mesmo tempo aparentemente inofensível.
Como disse-me um amigo tempos atrás
"É isso que dá ONG no Brasil,
Circo Escola para os meninos
tornarem-se profissionais de esquina."
Enfim, é uma forma ganhar a vida.
Ao terminar o show, ele aproxima-se da janela do meu carro
sorridente com todas as três facas na mão.
Vem buscar a recompensa.
Mas perceba...
Vem armado.

Monday, October 06, 2008

Sunday, October 05, 2008

Enterro.

Questionada após reclamar que a vida ao lado do marido,
com quem passou sessenta anos durou pouco,
como tudo o que é bom; ela explicou:
“É que passou tão rápido.”

Friday, October 03, 2008

Quando não é! [entre eles]

_O problema é que eu não gosto do sorriso dela.
_Ah?
_Não gosto da risada, sabe? Evito até contar piada!
_Só vejo a tristeza como saída neste caso.

Thursday, October 02, 2008

Das lições do amigo jornalista:

"Você só tem que saber que
este amor também vai passar
e como os outros, doer."

Memórias de Verão 01:

Ela andava feliz na chuva
em plena Oscar Freire quando sentiu o cheiro do mar.
Quase que instantaneamente lembrou do “menino do rio”.
Fez-se entre pingos, gotas de saudade.
No minuto seguinte, passou a questionar o odor.
Ué, aqui não tem praia...
Em São Paulo, areia, só mesmo a da construção civil.
Por conseguinte percebeu assustada.
É esgoto Luiza!
O mar dela tem cheirinho de merda.