Saturday, March 29, 2008

Hoje ela acordou sozinha.











O que mais ela deve querer?

Rodeiam-na os amigos.
Ligam e insistem para ela sair de casa.
Já passava da uma da manhã quando chegou a última mensagem.
Vinda do mais convicto, mais solteiro e divertido.
Ele implorava:
Vem! Vem!

Chegam mais tarde para mais um café antes das cinco.
Com ela juntam as histórias perdidas. Os cacos.
Separados, amontoam-se num escurinho
qualquer em busca de diversão.
Mas ela não está muito a fim de
levar seu sorriso para passear.
Aliás, tem sorrido pouco.
Não mais do que quatro vezes na semana.

Sorriso 01:
Ela chegava do interior e como de
habito estacionou seu carro na Oscar Freire.
Carregando a mochila e outros muitos pertences,
caminhou até a calçada onde cumprimentou
o guarda da loja de sapatos com um
“boa tarde” meio morno.
A resposta curiosa foi:
_Cuidado!
Seguiu sem entender. Pouco importava.
Mas surpreendeu-se com um abraço apertado dele
e a palavra saudade dita baixinho ao pé do ouvido.
O que a fez acreditar.

Sorriso 02:
Quarta-feira, rua augusta.
O encontrou sentado no café.
Fez-se um singelo elogio.
Disse que estava linda.
Ela não se sentia assim.
Reagiu com frio na barriga
no encontro do dia seguinte.
Mas este sem sorriso.
Estava apreensiva.

Sorriso 03:
Depois da frase
“Luiza, agindo assim, você está fadada ao fracasso!”.

Sorriso 04:
Agora pouco.
O ex.namorado de sua melhor amiga
veio visitá-la com a melhor trilha
sonora debaixo do braço. Gravou-lhe um CD.

O que mais ela deve querer?

[além de tudo ainda quer ser feliz a infeliz!]

Friday, March 28, 2008

Chegou a seguinte conclusão...

















O melhor é rir de si mesma.
Antes dos outros.

Monday, March 24, 2008

Receita Caseira.









[para o amor próprio dela crescer]

Ontem foi dia de febre.
Sem almoço, nem jantar.
Acompanhada de quem programou sua ausência.
Disse que ficou para me cuidar.
Hoje foi dia de colo.
De pai e de mãe.
Deles, ganhei chocolates italianos.
Um prato enorme de batata frita e suco de limão.
Disseram que era para me levantar.
Permaneceram no mais absoluto silêncio,
ouvindo o meu soluçar.
Trouxeram uma tia.
A reportagem que saiu sobre meus textos
no jornal de domingo.
E minha melhor amiga para um chá.

O melhor remédio é remediar.

Friday, March 21, 2008

Pão de Açúcar é lugar de gente feliz.













Mas ela vive por lá.
E hoje, enquanto
fazia a compra
para a Sexta da Paixão
chegou a seguinte
conclusão:

Existe um lado bom de
estar resfriada
em tempos de
crise emocional.
Os olhos
lacrimejados
disfarçam
as lágrimas
de pequeno porte.

Tuesday, March 18, 2008

Ela não sabe o que fazer com o arquivo digital deles.








Estar solteira novamente significa que...

Vai ter que sair passear para não enlouquecer dentro de casa, paquerar.
Coisa que não sabe fazer. Levar seus vestidos meigos para rua.
Mas na noite ninguém olha para eles. E ela não olha para ninguém.
Falta-lhe sensualidade. Luiza se esqueceu de ser sensual ao nascer.
Não quer. Deixe-a viver. Vai sobreviver.
O fato é que ela vai ter que recomeçar.
O que seria para se reinicializar em agosto (quando ele fosse embora),
tem que ser já. E ela está numa preguiça de dar pena.
Mas ta aí, um sentimento que ela não se permite nem aos outros dela sentir.
Ela mostra-se forte. Só. Não foi trabalhar.
Desde sábado mantém-se em casa.
Saiu para almoçar com os olhos rasos d’água.
Horizonte feito de lágrimas.
Sem perspectivas nem esperanças.
Ela era a pior companhia, mesmo estando 2 kg mais leve. Apatia.
Sentindo se mal, ficou enfurnada. Não viu o mar do prédio mais alto.
Nem a casa imaginária lá na Lapa. Pediu para não sonhar.
Pra voltar para trás. Um médico.
Ela achou que talvez a solução estivesse lá.
Tarja preta. Na sarjeta.
Na sua sala de estar. Ela abriu um vinho e veio ao chão.
Desabafar. Falou com ele, que era doce e se acabou.
Feito cristal suas lágrimas titilaram ao chão. Quebrou seu coração.

O fato é que solteira novamente ela vai ter que se divertir,
e tem tido uma preguiça impressionante. Intensa.
Ela vai ter que sair. Paquerar, coisa que ela não sabe fazer.
Desde que nasceu ela não escolhe as pessoas.
Chegam nela. Efeito múltipla-escolha.
Não quer. Parece cansada. Parece 80.
E depois, viu-se aos 28, divorciada e agora separada.
Sente cansada, desolada. E não parece querer continuar.

Mas vai trabalhar amanhã.
Estudar na quinta feira.
Ir ao cinema sozinha na sexta.
E no sábado talvez sair para devanear.
Domingo vai para Buenos Aires.
Viajar. Mas sem se apaixonar...
Porque vai se controlar.
Agora sim com muito medo...
E o medo é a alegria dos burros.

Saturday, March 15, 2008

Sozinha de Pijama.

Me dá uma preguiça começar tudo de novo...

[dia tristonho]

[bom mesmo só o conforto que os amigos tentaram me proporcionar]

Friday, March 14, 2008

Air.









E a frase “que seja eterno enquanto dure” não sai daqui de dentro.
Mesmo que seja só até esta noite, preferiria que fosse intenso.
Assim do meu jeito de quem não sabe viver as coisas pela metade.

Quero te levar para jantar num bistrô que conheci hoje no almoço.
Enquanto falava de você a elas,
observava os desenhos delicados na parede e o espelho antigo.
É a nossa cara.
Tenho que te levar nesse lugar, enquanto dure.
E em todos os outros que planejamos.
Na praia, num bate e volta.
Pra ver o mar do prédio mais alto que temos por aqui.
E o pó que dela sai.
Nossa casa imaginária.
Faz de conta que é na Lapa.
Vou até lá reservar um cheiro de mato.
Uma pequena Tereza para brincar no jardim.
Um cachorro grande de raça qualquer.
Pra impor respeito.
Rede na varanda.
Dias de sol.
Não se preocupe, vou encomendar aos nossos sonhos...
Um entardecer com chuva fina, fria.
Brisa e arrepios de leve.
Caminhar.
Vou te levar pra gastar desse nosso sentimento.
Sem culpa. Sem preservar.
Antes da sua viagem, precisamos viajar.
Cuba.
Cozinhar.
Fazer as estampas.
E uma foto para cada vestido meu.
Desenhos que viram situações.
Situações que viram desenhos.
Desejos a desejar. Podemos tudo até agosto chegar.
Situar bem as agulhas sem me pinicar.
Linhas que viram palavras.
Que viram frases bem colocadas.
Parágrafos inteiros de zelo.
Apelos.
Ela te pede pra ficar.
Só mais uns dias até agosto chegar.
Vem, vamos lá nosso bar.
A gente pode tudo.
Vivendo o todo.
Se usar.
Sem se apegar.
É mentira.
Até agosto.
Ao seu gosto.
Amor voar.

Tuesday, March 04, 2008

Só aceito se for Now!












Depois de dizer tudo o que lhe afligia.
De divagar sobre o tempo, sua falta dele, falhas.
Dos desejos incompreensíveis, dores, dinheiro, perspectivas...
Depois de passar horas delatando as pequenas impressões
que carregou durante um dia todo nebuloso, ele resolveu contribuir com
a falta de ar dela. Soltou-lhe uma frase fatídica como se fosse um balão de gás.

“Luiza, hoje você está muito apocalíptica”.

Colorida, ecoou.
Ela, delicadamente sorriu.
Usava preto, inclusive nos olhos prestes a borrar.

Tipo Apocalypse Now? questionou-o.
O filme de 79 (ano de nascimento dela),
realizado por Coppola?
Hein?

[agora ela ouve Beirut]

[ok,ok, foi ele quem apresentou a banda a ela]

Monday, March 03, 2008

E ela já não é mais uma menina...










Acordou bem no meio da manhã.
Depois do cinema na noite anterior
que a fez chorar copiosamente.
Hoje teria motivos,
mas gastou o estoque de lágrimas na poltrona,
de mãos dadas com ele, enquanto escutava a trilha estupenda de Juno.
Por assim dizer, era confortável chorar ali.
Escurinho.
E olha que boa música sempre alegrou os ouvidos dela, já os olhos...
Difícil agradar!
O que não me parece sensato!
Ela amava o desenho na tela e chorava...

Mais tarde, quando observava as janelas
debruçada noutra, alinhou-se.
Constatou idiotia.
Em sua vida e de todos outros.
Cada um com sua janela.
Cada qual com suas cores na sala.
Ora quentes.
Ora frias.
Muitos à meia luz de Fantástico.

Viu um garoto correndo pelo apartamento com seu cão enorme.
Um senhor sentado no escuro.
E uma mulher jantando sozinha.

Viu que já era março.
Que logo é agosto e ele vai mesmo embora.
Que mais uma vez gostava da música, mas a topografia...
Sabia que tinha se acostumado com a geometria.
Com a falta de horizonte.
De ar.

E nada parecia fazer parte dos seus sonhos de menina.

lp de plástico, inflável e inflamável.