Saturday, November 29, 2008

Ai! - 3

_O que você tem?
_Ai, estou meio triste.
_Por que?
_Não sei.

Friday, November 28, 2008

Ai! - 2

Rebolsas é com U?
Ui! Desculpe.
Tem coisas que me serão confusas para sempre...
Quando criança costumava confundir
funerária com funilaria.
Depois, crescida confundia,
tesão com amor.
Mas agora, parece-me que todas as dúvidas
foram esclarecidas.

Ai! - 1

Faço tudo correndo
só para poder te amar sem pressa.

Wednesday, November 26, 2008

À vontade. Mas é quarta-feira!

_E aí Luiza, o que vai fazer hoje a noite?
_Eu? Vou esperar o Caetano.
_Mas ele chega hoje?
_Não... Sábado.

Tuesday, November 25, 2008

Atores fazem greve em Hollywood.

Abriu a embalagem da bala que ele espalha aos finais de semana.
Perspicaz, sabe da segunda-feira amarga dela.
Estava dentro do carro, dentro do trânsito,
dentro dos pensamentos pesados que lhe acompanham Rebolsas acima.
Era de leite.
Mais ou menos da largura de uma moeda de um.
O que realmente a distraiu fazendo esquecer momentaneamente
da alta do dólar e da baixa da bolsa.
Grudou a doçura.
Agradável enquanto ouvia sua música predileta do mês.
Alto lá.
Primeiro no céu da boca.
Depois nos dentes.
Do lado esquerdo, a fez manobrar com a língua.
Grudando parte do doce dele agora no lado direito.
Lembrou-se da infância.
Das balas Kids, apesar de esta ser de outra marca.
Fidelidade.
Lembrou-se dos padrinhos que são dentistas.
Cáries.
Lembrou-se de que precisava rapidamente escovar os dentes,
ligar aos parentes e continuar a saborear a vida assim; de forma doce.

Monday, November 24, 2008

Crise!













Acostumada com as dela e não com
as do mundo todo, se assusta com
as notícias que lê diariamente no jornal.
Dorme mal, quase em depressão fica!!!
Chora com o mercado financeiro,
arrepia-se com a deflação e estimula o
consumo dentro de seus estabelecimentos.
Mas é com a mãe que desabafa:
_Também estou em crise mama!
_Aos cinquanta e seis anos,
o que sei minha filha é que
não morreremos disso. Vai passar...

Wednesday, November 19, 2008

imagine...

Ela ama a idéia que faz dele.
Ela ama as idéias que ele dá.

Wednesday, November 12, 2008

Instruções de uso não estão na embalagem.













Acorda atrasada e pra variar sente-se exausta ao levantar.
Se pudesse ficava ali no lençol branco com o jornal espalhando,
tomando o sol da manhã e observando
as pombas que habitam o telhado ao lado.
Já são amigas.
Praticamente as únicas que visitam seu apartamento assim, tão cedo.
Sente seu cheiro no travesseiro.
Revisa os cabides com seus cortes em linho e algodão.
Você habita esta casa mesmo quando está no Rio.

Sai para correr ou nadar.
Tanto faz...
É só mais um exercício solitário.
Aproveita para pensar, colocar os afazeres do dia
em fila indiana, contabilizar, diagnosticar...
Chorar não dá porque não tem fôlego suficiente.
Aliás, é bem por isso que faz exercícios.
Para se desgastar de outra forma.
Seu médico homeopata riu dessa sua técnica.
Disse-lhe que não adianta, mas ela não descansa, prefere ao esforço.
Toma a pilula que encontra-se pendurada na maçaneta da porta.
É para não esquecer! Que não quer ter filhos no momento.

Nesta cidade.
Neste país.
Neste planeta.

Toma também 10 dez gotas de Lycopodium Clavatum 6CH
e isso, imaginem só, faz com que ela sinta-se muito,
mas muito melhor.
Só. Então sai para trabalhar.
Normalmente de vestido.
Segue sozinha. Sempre.
Ás vezes também para as aulas da Pós.
É quando fica em trânsito.
Aproveita para ler e escrever.
Desenhar vestidos, idéias, palavras.
Ouvindo as músicas novas que deixou
baixando madrugada adentro em seu computador.
Aprendeu isso com seu primeiro marido.
Sim, ela já se casou. Depois descasou, óbvio.
Divorciou dos sonhos deles.
E não foi nada fácil desconstruir as idéias
vagas que projetava para si.
Menos fácil ainda foi continuar a desenhar um futuro,
diante tantas possibilidades vazias de sonhos comuns.
Mas aprendeu que era preciso aprender estar só.
O que lhe é inviável.
Ela não consegue. Assumidamente não gosta.

Dizem os amigos:
“Lá vai Luiza amar outra vez.
Lá vai Luiza sofrer outra vez.”
Conseqüências...
Ou um dom.
Entrega-se.
Mesmo com toda dor, medo e
a cicatriz ali do lado esquerdo.
Ela bem nasceu para isso.
Não só pra isso, é lógico.
Mas faz disso um bem.
Faz bolos também, provoca risos,
chora facilmente, não dispensa um penne e
neosaldinas para sarar as dores que prefere guardar.
Cuidados internos.

Dela com ele.
Dele com ela.
Deles com eles.

E de repente, percebe-se leve.
É a primeira vez que está amando em equilíbrio.
Nem sabia que isso existia.
Sente prazer com a novidade.
Amando alguém novo, da sua idade.
A mando dos sentidos.
De outras formas. Outra turma.
De outra escola, de outras imagens... Dessa vez em movimento.
Alguém com quem ela tem coragem de fazer um filme.
Uma música ouvir continuamente e se emocionar para sempre.
Projetar coisas grandes, médias, pequenas;
inclusive as que falam e que por hora chamaremos de Lídia ou Lucas.
Alguém que caminha ao seu lado de mãos dadas.
Que faz os sorrisos serem quase permanentes.
Que já amou outro alguém e que ela não esconde, sente ciúme.
Alguém que gosta de comer presunto e que a fez pensar
que o amor é algo que também se come cru.
Não dá para esperar cozinhar nem mesmo esfriar.
Amor quando bom, não precisa nem temperar.
Ou agitar antes de usar.
Apenas é.
Um amor de verdade.

Saturday, November 08, 2008

6 conversas em um sinal

rua Estados Unidos com a avenida Rebolsas:
.01
_Sei que a senhora tem um bom coração, por isso vai me dar uma moeda.
_Desculpa, mas meu coração endureceu. Estou dura, nem moeda tenho. Desculpa.
.02
_Oi Dona Luiza, fazia tempo que não passavas por aqui.
_Como vai Fumaça?
_Vou bem, com saúde que é o que importa.
_E as vendas?
_Vão indo, mas agora com o fim do ano se aproximando, tudo melhora.
_E namorado?
_Chega amanhã.
_Manda um abraço para ele.
_Pode deixar... Bom trabalho!
_Para você também!
.03
_Olha o mapa!
_Quanto custa.
_Custa 20 pela cidade inteira.
_Muito legal.
_Leva!
_Não tenho dinheiro, disse ali para aquele senhor não faz nem dois minutos.
_Ah vai, me ajuda... Te faço por quinze.
_Não tenho mesmo.
_Vá! Leva por dez.
_Não quero, só achei lindo. Mas desculpa, não quero mesmo.
.04
_Compra uma bala tia?
_Qual teu nome?
_Wesley.
_Quanto anos tem?
_Tenho sete, faço aniversário domingo.
E ela pensou:
Mas domingo é amanhã...
_Compra tia, eu poderia estar roubando, matando...
_Mas você só tem sete!
_Faço oito amanhã!
.05
_Olha o jornal!
_Não obrigada mostrando a Folha no banco do passageiro.
.06
_Deixa eu dar uma limpadinha?
_Mas tá chovendo...
_Vai... A senhora merece ter um carro mais limpo.
Aliás, a senhora merecia ter um carro desses.
Diz o moleque apontando o carro vizinho.
Ela sorri.

Thursday, November 06, 2008

Mais ou menos assim:

Meu vizinho ou vizinha de frente nunca abriu a janela.
Muito menos as cortinas brancas que habitam lá.
Não sei nada sobre ele ou ela ou eles.
Nada.
Sempre fechados.
Se em algum dia arrastaram os vidros
para que a sala tomasse um pouco de ar,
foi quando eu estava com a minha janela fechada.
Portanto, nunca nos vimos.
Moro ali há quase três anos e não sei
se tenho um vizinho branco, preto ou japonês.
Aliás, não sei se são ou se é.
Se é médico... Médicos são bem vindos às vezes não?!
Se são seqüestradores e ali é na verdade um cativeiro.
Sim, juro que passou isso por minha cabeça esta semana.
Se são famosos e não querem ser percebidos.
Se é político ou professor universitário...
Ou ainda uma viúva que adoraria ter com quem conversar.
Mas não ouço barulho.
Não sinto movimento.
E isso tem me incomodado um tanto.
Pouco, mas tenho me questionado;
porque não socializamos?
Mantenho minha janela bem aberta.
Será que são tímidos?
Ou é!
Jamais trocamos uma xícara
de açúcar por um punhado de sal.
Aliás, meus bolos nunca ocuparam aquele apartamento.
Só o cheiro.
Deve ser torturante...
Ou não.
Eles podem ser diabéticos...
Devem me odiar por isso?
Sou do interior e lá mantemos
ótimas relações com os vizinhos.
Lembro das minhas amigas que moravam ao lado,
das tardes que passávamos brincando uma na casa da outra,
dos lanchinhos que fazíamos enquanto nossas mães tomavam um café.
Para onde foram estas gentilezas deliciosas?
Durante toda semana almoço sozinha,
janto sozinha, converso com o azeite e olho
fixamente à janela da frente sempre fechada.
Vedada.
Só.
Sei que possuem (ou possui)
uma TV naquele ambiente.
De noite percebo a luz dela ligada e às vezes fico
tentando adivinhar o canal preferido dele, dela ou deles
pelas cores que sem perceber me dão de presente.
Obrigada.

Monday, November 03, 2008

Te amo do lado certo.













[a importância de enxergar a etiqueta]

Saturday, November 01, 2008

ãh?

Um homem ontem, passava das 21hs,
bateu na traseira do meu carro num sinal
da rua arthur de azevedo.
Pacientemente desci, depois de um dia
muito, mas muito intenso de trabalho,
para averiguar o estrago.
Fiz sinal de ok quando percebi que nada havia
acontecido em meu carro, só no dele.
Ao dar meia volta para seguir adiante ouço
o homem (que não se mexeu do seu banco),
acompanhado de sua esposa e filhos
dentro do seu semi-novo:
"Vai logo sua burra!"
Gente, o cara bate em mim, eu sou toda cordial
com a situação e ainda ouço uma dessa!
Fiquei rindo sozinha.