Wednesday, June 20, 2007

NÃO SINTO NADA. SÓ SINTO MUITO. Volume-2.

Vamos lá, escrever é preciso.
Para organizar os sentidos e acalmar a galera.
Prometi para mim mesma que não escreveria
nada que parecesse triste, para os amigos e familiares não
ficarem ainda mais preocupados do que já estão.
Vivendo seus dias com minhas novidades em mentes.
Roubando-me a energia que tanto preciso
para acordar de manhã e calçar os sapatos.
Não há culpados entre nós.
Até o momento, o que sei é que devo explicações.
Não se tira alguém de circulação assim, sem mais, nem menos.
Então, vou te deixar encontrar meus motivos.
Quando não, me apontar o previsível sofrimento.
Mas todos precisam entender que eu não lhes trouxe nenhum
problema e sim uma nova situação. Uma posição.
Uma mudança de planos. De trajetos. De história.
Trouxe comigo um livro inteiro de páginas brancas.
E deixei para trás milhares de momentos bons tatuados
no meu punho esquerdo.
Fomos espertos, só ficamos com o melhor de nós.
Agora, um novo começo. Novos tropeços. Mas dessa vez, só.
Uma incrível carreira solo sem destino.
Parece-me uma aventura e tanto, não?!
Single, como ele prefere denominar. Não importa.
O que quero, é que não se preocupem ok?!
Não era esta a minha intenção.
Nossa decisão pareceu tão coerente. Sensata.
Tão honesta. Exata.
Escrevo por que... Quero que saibam que estou feliz.

Reavaliando – nos.
Nossa trajetória foi espetacular.
Teve drama, teve fama, brigas e como eu costumo dizer,
o maior amor do mundo. O nosso.
Nossa trajetória foi heróica.
Teve dificuldades enormes e estranhas novidades.
Liberdade, um entra e sai.
Teve poesia, muita música e cafés da manhã na cama.
Nossa trajetória teve de ser revisada.
Avaliações, notas e imposições.
Mudanças de planos, de cidade, de casa, de carro, de vida, de amigos.
Baguncei um pouco você...
Mas permanecemos juntos quando nem eu mesma
acreditei que a gente iria conseguir.

Nossa trajetória foi linda.
Teve romance e flores (já quase no final).
Jantares regados aos vinhos mais vagabundos,
saboreados como se fossem os melhores. E muito chocolate.
Foi doce.
Teve para sempre um papo bom e uma grande amizade jamais vista.
Aprendemos a cozinhar juntos.
Aprendemos a suportar juntos. A nós. Aos outros.
Aprendemos a viver. Com pouco.
E quando você começou a viver com muito,
achei que era a hora de te deixar caminhar só.

Nossa história teve festa. Foi uma festa. Teve bexigas.
Faltou-nos ar na maior parte do tempo.
Mas a gente saiu para dançar de madrugada diversas vezes.
E a gente também dançou no meio da sala de casa
muitas vezes ao som do seu bolero.
De pijama quente e meias escorregadias.
Nossa trajetória teve filhotes caninos e eu
vou guardar com saudade a sensação de felicidade
que havia naquela época.
Teve o piano. O conhaque. O seu filho.
E todos aqueles que eu planejei, mas que de ver verdade,
faltou-me coragem.

Nossa trajetória teve uma dor que eu nunca superei,
quando você ficou doente.
Teve muita incompreensão. Falta de tato dos outros.
Falta de afeto. De ética. De respeito. E faltou-me o perdão.
Mas saiba que não me perdôo por isto.
Nossa trajetória teve superação. Cuidado. Remédios. Horários.
Teve você grudado em mim... Lembra?!
Teve a Rosa nascendo. E você é o padrinho!
O mais querido. Que ela mais gosta de brincar, cantar e dançar.
Teve a vovó Edna adoecendo e você respondendo as
mesmas perguntas de sempre, no maior bom humor.
Bons almoços em família. Piadas ácidas e risadas rápidas.
Teve você tentando me animar na maior parte do tempo. Obrigada.

Nossa trajetória foi marcada por nós mesmos.
Por nossa criatividade. Sua música, minhas imagens.
Por sermos tão complementares.
Pela dificuldade que tivemos de enxergar o quão
distantes estávamos caminhando. Juntos.
Por não querermos enxergar, talvez.
Pela solidez da nossa vida mole. Dura.
Por tudo o que perdura.
Por um carinho eterno e mútuo.
E sua última pergunta:
_ Agora que separou, vai por silicone?

Rs. Não.
Tinha que ser assim...

LNN – Louca Nota Necessária:
Finalizei este texto e mandei para o Tom aprovar
e corrigir através do MSN.
Segue abaixo nosso diálogo:

- Tom em: Fechado pra balanço diz:
Lu, ficou ótimo.

- LP em: Momento Doce. CÚ DOCE! diz:
Gostou? Posso enviar?

-Tom em: Fechado pra balanço diz:
Gostei muito. Manda já.

- LP em: Momento Doce. CÚ DOCE! diz:
Mas não tem erros?

-Tom em: Fechado pra balanço diz:
Só os nossos. Rs.

Wednesday, June 06, 2007

É Drama, Aventura e Comédia Romântica!

Aos trinta, ou quase trinta como é meu caso, uma mulher já amou de verdade pelo menos uma vez na vida. E isso fode tudo!

Engraçado, sempre quis ter trinta. Desde os dezessete.
Isso porque sempre admirei as mulheres de trinta.
Elas me pareciam bem resolvidas. Mais bonitas.
Mais mulheres do que eu, menina.
Agora, finalmente aos vinte e sete, sempre digo que tenho trinta. Antecipo-me. Como sempre, na pressa de viver emoções precoces.
Mas esta ansiedade não faz parte dessa idade.
Não, aos trinta não somos afobadas nem ansiosas.
Tão pouco ociosas.
Nós, mulheres de trinta, achamos que temos o controle da vida.
Que estamos no comando. Dando as regras,
distribuindo as tarefas, racionalizando os sentidos.
Como se isso fosse possível.
Mas vá tentar explicar para uma mulher de trinta o contrário...
Mulheres de trinta não te deixam falar, nem se quer explicar.
Elas dizem por último, riem por último.
Mandam e desmandam, em casa e no trabalho, no sexo e no amor.
Sim, mulheres de trinta - inteligentes,
conseguem separar sexo de amor.
Marido, de pai do seu filho. TPM de stress.

Teoricamente, tudo aos trinta funciona.
Somos práticas e independentes.
Ah, e magras se desejarmos.
Os hormônios parecem controlados!
Nos dividimos em grupos de mulheres distintos assim:
as que se casaram e tiveram filhos;
as que se casaram e não tiveram filhos
(estas cultivam flores, cachorros e sobrinhos para suprir a carência característica da idade);
as solteiras que estão loucas para se casar e finalmente, as divorciadas.
E dentre estes grupos ainda nos subdividimos em:
as que são felizes, as que se consideram infelizes
e as que acham que um dia serão felizes (as solteiras)
quando encontrarem o príncipe encantado.
Mas vá explicar para uma mulher de trinta que isso não existe!!!
Sua tentativa vai morrer de morte natural.
Ela não te dará ouvidos.
A mulher de trinta precisa ver para crer.
Isso porque já tem vivência, experiência.
Acha que tem, pelo menos.
Acha que já sofreu o suficiente, já amou o suficiente
e foi ou é amada insuficientemente. Sempre.

É normal encontrar mulheres de trinta achando
que a vida tem sido bem cruel com elas.
Mas que agora (aos trinta) retomada a consciência do
seu valor material e mental nada mais a segurará.
A não ser um bom cirurgião e as inseguranças femininas
que existem em qualquer idade, mas que nesta fase,
parecem querer tomar proporções desanimadoras...
É! A crise dos trinta. Entramos de cabeça (e de corpo inteiro)
no maravilhoso mundo dos cosméticos anti-idade.
Começam também os exames detalhadíssimos no ginecologista.
E é também bem nessa fase que os dermatologistas insistem em enxergar em nós (belas mulheres da meia idade)
manchas do tempo. Sabe, faz tempo...
Não precisa explicar! E dá-lhe creme!
Creme pra cá, creme pra lá, para a região dos olhos,
para a testa, para orelha, olheiras.
Para as gordurinhas do lado esquerdo.
Para as do lado direito é outro pote!
Sim, você tem defeitos que nem imaginaria.
Nem em seu pior pesadelo.
E é aos trinta que descobre isso.

Minha visão estereotipada da bem sucedida
carreira solo da mulher de trinta foi por água abaixo.
Os dentistas querem clarear os nossos dentes,
os cabeleireiros nos oferecem uma tintura creme
e isso quer dizer que apareceu o primeiro fio de cabelo branco em você. Ele te pertence! As mini saias não. Parecem coisas de adolescentes.
A depiladora é a mesma, há dez anos te maltratando
intimamente e você ainda paga por isso.
Faz as unhas para pertencer ao sistema. Entra no esquema.
Casa, trabalho, cinema.
Nós mulheres de trinta, nos livramos da ressaca trabalhando.
Dos problemas, trabalhando.
Dos dilemas, trabalhando.
Estamos em plena atividade, quando não, doméstica.
Correndo da mesmice. Sem tempo para os amigos.
Buscando intimidade sem cair na rotina.
Sexo sem compromisso.
Mas dá para dar uma ligadinha depois???

A verdade é que mesmo aos trinta ainda
queremos um amor de filme. Com cheiro de menta e pipoca.
E café na cama sem que eu tenha que pedir.
Queremos a felicidade imaginária,
as dúvidas extraviadas,
os sonhos que deixamos de lado sem
haver um bom motivo para tal abandono.
Aliás, aos trinta, não queremos abandonar mais nada!
Queremos aglomerar, reunir, juntar, amontoar, acumular.
Sentir sempre com as pontas dos dedos. Dos cinco. Desejos.
Queremos o frio na barriga mesmo no inverno.
E está em tempo.

ESTE TEXTO É DEDICADO A TODAS AS MINHAS AMIGAS SOLTEIRAS QUE ME PROPORCIONAM BOAS ANÁLISES SOBRE O TEMA. OBRIGADA! :)