Saturday, January 27, 2007

Filme.

_Ok, eu vou.
Me dá um segundo para eu arrumar uma caneta.
Oi, diga. Sei.
Nossa, às 6 da manhã, você tem certeza???
Tá, tudo bem, estarei lá!

Assim começou a minha turnê de 3 dias ao incrível
mundo do cinema comercial de sampa.
Era uma quinta-feira. Estava escuro. Era muito cedo.
Cheguei no horário combinado sem saber ao certo o
que aconteceriam nas próximas doze horas, que estavam em contrato.
Comigo, chegaram outras pessoas e por um instante pensei
que estaria editada para um filme bizarro.
Sabe, cheio de pessoas estranhas e feias?!
Sofri desconcertada, em frente ao enorme prédio.
Pensei em recuar, mas depois...
Luiza, você não tem nada a perder!
Vamos lá, siga em frente.
Ao segundo sub-solo!
Cheguei!
_ E você quem é? Pergunta um rapaz visivelmente cansado.
Então, sou encaminhada para maquiagem.
Eu odeio maquiagem comunitária.
Sabe, aqueles pincéis que esfregam no rosto de todo mundo?!
Aquela base, lápis e batom?! Já pensou no batom???
E no pincelzinho do batom... É cruel pensar nas bactérias,
nas gotículas de suor dos outros, na oleosidade da pele dos outros.
Luiza, não pense nisso!!! Desvie!
Depois, figurino.
As roupas são feias. Quase todas.
Mas os sapatos são lindos. Quase todos.
Menos o do diretor, ele usa um terrível!
Mas ele não sabe, pois era da side.
Concluo então que ele não é casado,
nem mora com ninguém, se não, jamais usaria um par daqueles.
Café. Sinto-me tensa.
Não conheço ninguém. Todos se conhecem.
Os figurantes fazem isso quase todos os dias.
É o trabalho deles. Assim como eu vou para loja todos os dias,
eles vão filmar alguma coisa todos os dias.
Então, se você observar, os figurantes são sempre os mesmo,
não importa o comercial, Kaiser, Veja, Omo ou Chevrolet,
todos tem as mesmas pessoas de fundo.
Assim, viram objetos de cena,
como a mesa ou a cadeira onde minha bunda gorda
está muito bem acomodada. Leio Mário Prata, pensando...
Mas os figurantes são mais importantes! Se mechem!
Cadeiras não se mechem!
Os atores, lógico, se conhecem! De testes, de peças,
de cinemas, de cursos. Pareço um peixe fora d´água.
Mas não sinto-me mal. O comercial em questão é para Net.
E justo eu, que estou devendo a última parcela da TV à cabo,
estou fazendo o comercial para eles.
E eles ainda vão me pagar por isso.
Enfim, a equipe técnica é toda do Rio.
E é o pessoal da fotografia que mais me chama atenção.
Eu trato logo de contar-lhes que também sou fotógrafa
e que estou encantada com tamanha parafernálha!
A gente conversa, quase que em silêncio.
No set, não pode fazer barulho!
Silêncio é pedido o tempo inteiro.
Mas o celular do ator principal toca e todos fazem cara de bosta.
Inclusive eu, porque ele tem uma dificuldade incrível
para decorar a fala e quando consegue, o celular...
TÃRÃRÃRÃ- TÃRÃRÃRÃ- TÃRÃRÃRÃRÃRÃ...

O ator principal é um senhor muito engraçado,
que conta piadas o tempo inteiro.
Não, não olhe para mim, não gosto de piadas.
Desvio mais uma vez. Não gosto de prever risinhos.
Gosto de ser surpreendida! Sinto-me bem mais estrábica
do que dias antes, anoto na contra-capa do livro:
Marcar Oftalmologista URGENTE.
A sensação de enxergar meu próprio nariz é desconfortável.
_Luiza! Vem do vice- diretor(rs.).
Sim, ele decorou meu nome rapidinho.
Estamos em 27 pessoas, entre atores e figurantes
e ele decorou justo meu nome. Deve ter sido por
causa da cor da camisa, verde.
Sei lá, deve ser uma boa cor.
Combino com o cenário.
Percebo que os outros não fazem questão nenhuma em aparecer.
Aliás ouço alguns dizendo que não querem aparecer.
Então, o que foram fazer lá?!
_Som? Carrinho? Câmera? Ação!
Ouço o diretor (do sapato feio) gritar esta seqüência
milhares de vezes, seguidos de ok, ok, ok,
de cada setor responsável. Bonito de ver, mas enjoativo.
No set de filmagens, serviram-nos comida o tempo inteiro.
Parece que querem nos ver mais do que saudáveis no vídeo.
Volto a pensar na “bizarisse” da coisa.
Distraio-me. Passa.
Alguns guardam os sanduíches na bolsa.
Devem morar sozinhos. Será que passam fome?!
Não...
_ Luiza! Grita o vice.
Senta aqui. Olha aqui. Agora você vira! Pega o telefone.
Volta, olha para frente. Olha lá na porta. Olha a postura, Luiza!
Pausa para o almoço.
Equipe faminta. E como comem...
E todos tomam refrigerante e comem doce de sobremesa.
Bonito de ver, mas enjoativo para um dia de semana.
Só tolero isso aos domingos...
Escova de dente em punho.
Xixi.
Volta para o set de filmagem após uma hora exata.

O cenário é lindo.
É amplo. Um andar inteiro do prédio.
Pé direito enorme.
O pessoal da arte cuidou de cada detalhe.
Das plantas do local, das lapiseiras, canetas, cadeiras.
E os computadores ligam de verdade.
É bonito e não enjoa. Leio meu livro que levei debaixo do braço,
já prevendo minhas horas ociosas frente á câmera.
E quantas horas... Saio do estúdio e já é noite,
prometendo voltar na manhã seguinte.
E volto por mais dois dias.
Faço até hora extra no sábado.
Ao terminar o trabalho, o espetáculo, as cenas todas,
todo teatro,batemos palmas para nós mesmos e
voltamos para o mundo real onde as 40 horas de gravação
passarão na nossa televisão por apenas 30 segundos.
E ninguém vai acreditar que deu tanto trabalho...

LP:)ACESSE-ME É GRÁTIS! (rs.)
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1 comment:

Anonymous said...

E quem disse que vida de estrela era fácil, né?

Depois você me conta quando é que vai aparecer. =)

Bjs, Lu!