Monday, May 19, 2008

The End.

Os diálogos vindos de lá:

Papai: _ Você não está sendo muito egoísta?
Ela: _Acho que sim.
Nona: _ Você não se casou né Luiza?
Ela: _Não vovó (sem vontade de recordar-lhe)
Nona: _Você nem tem namorado?
Ela: _Tinha vó.
Nona: _Ah, mas você não é dessas meninas que namoram muito né?
Ela desequilibra e uma lágrima escorrega.

Mamãe: _Vocês são diferentes. Tem planos diferentes.
Ela: _Eu sei. Mas eu queria que ele planejasse comigo.
Mamãe: _ Mas você já sabia que não seria assim desde o início...
Silêncio.
Nona: _Você está tão magra. Tá doente?
Ela:_Não nona, estou ótima.
Nona: _Não parece.

Rosa:_Tia Luiza, minha prima fala espanhol.
Ela: _Rosa, faz carinho na tia... assim oh, no cabelo.
Pausa para o cafuné.

Papai: _Você é uma pessoa privilegiada,
já amou de verdade duas vezes nessa vida, e tens tão pouca idade...
Ela sorri, mas não vê privilégio nisso.
Nona: _Você é filha de quem?
Ela: _ De sua filha e do seu genro.
Nona: _Sério... Não sabia não.
Papai: _Sabe Lu, sua mãe e eu ficamos conversando e
chegamos à conclusão de que não adianta você fingir
que sabe viver um relacionamento que
não seja pensado ser para sempre.
Você não é assim...
Não sabe ser. Não se relaciona assim com nada nem ninguém.
Ela: _É, mas nada é para sempre.
Nona: _ Você é filha de quem hein?
Ela: _Sou filha da sua filha.
Nona: _Ah, e ela mora com você?
Ela: _Não Nona, meus pais moram com você.
Mamãe: _Você está lúcida. Realmente nada é para sempre,
mas para estar com alguém você precisa acreditar
na continuidade daquilo que se constrói diariamente.
Você é assim... Cada um é de um jeito.
E se dissestes a ele tudo isso que me disse,
do amor, seus desejos, seus planos...
Não há mais nada a fazer.

Nona: _ Você mora onde?
Ela: _Em Pinheiros Nona.
Nona: _Ah, eu morava lá na Fradique.
Ela sorri.
Dois minutos depois...
Nona: _Mas vem cá, você mora aonde?
Ela: _Em Pinheiros vovó.

E esta pergunta se repetiu por mais seis vezes no decorrer da tarde,
na cama de meus pais, com a televisão ligada num canal qualquer.

2 comments:

Lari . said...

Luiza,seu texto lembrou-me minha avó,que tanto amo,que nos faz tão feliz.Lembrou-me tb a minha insistência em querer auxílio de minha família sobre meus dilemas,meus amores e minha intensidade e eles,sempre carregados de conselhos mil.
Seu texto consegue ser triste e alegre.Incrível!
Beijos,linda!
Lari

Aline said...

Conversas circulares, coisa de família.

Nunca tem fim, mas são tão reconfortantes.

Adorei. Beijos