Wednesday, August 20, 2008

...da liberdade que se tem quando não se tem nada.

Luiza pode tudo.
Ela não tem nada.
Nem ninguém.
Nem obrigações.
A única é ser feliz!
E se não consegue... Haja incompetência!
Por que estás triste?
Não há nada que te prenda aqui.
Ou, não se prenda por mim.
Ganhou uma prenda e não sabe o que fazer com ela.
Amarra-a ao seu corpo.
Transforma-se numa mulher bomba.
Explode e se espalha em milhões de pedacinhos pelo ar.
Difícil...
Respira fundo e recolhe seus cacos.
Mas não se cola.
Pra facilitar.

Quer uma mãozinha?
Meu coração? Está aí oh, bem no fundo.
Pode pegar!
Devolve meu braço?
Envolve minhas pernas?


Luiza pode tudo.
Ela não tem nada.
Nem ninguém.
Arma-se de desejos, medos e pedras.
Um presente. Um embrulho no estômago.
Um abraço e um beijo fugaz na Augusta.
Sabor creme.
Leva uma âncora no bolso pra passear.
Mas a podre moranguinho
(apelido adquirido no bar)
não percebe que ninguém a vê afundar.
Afoga-se sozinha.
Te engasga de si.
O que te faz ir?
Por que não me faz rir?
O que te faz acordar, levantar, dirigir, trabalhar...
Filha, o que te faz desenhar?
Ler, estudar.
Não tem ninguém a lhe observar...
Não tem ninguém aqui.
Nem ali, nem lá.
“Estás só guria, é bom se acostumar.”¹


¹frase da amiga que habita Casas de Sofia.

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