Tuesday, June 02, 2009

vergonhas públicas

Tenho pensado sobre coisas vergonhosas a meu respeito.
Porque outro dia mesmo escrevi aqui que não
encontrava em mim algo que fosse impublicável.
Como se a vergonha não habitasse meu corpo tímido.
Em primeiro lugar, acho que em parte, menti para vocês.
Descaradamente.
E isso me é realmente vergonhoso.
Desculpem.
Tenho uma porção de situações assim para contar-lhes...
Que me fazem corar o rosto e os olhos encherem de lágrimas.
Cenas que escondo, tentando enganar minha própria memória.
Pra viver melhor. Fingindo ser melhor para eu mesma.
E para você.
Mas no fundo guardo uma lista com
o que em mim há de inaceitável:
E leio-a mentalmente todas as noites antes de dormir.
Numa busca por fazer diferente no amanhã.
E com o tempo, estas coisas impublicáveis a meu
respeito vão dando lugar a outras ações ou
inércias deste corpo que vos escreve.
Tão vergonhosas quanto!
Ao menos, renovam-se.
E este é meu lado mais positivo.

Perdoem-me.
Só quero que sejamos felizes agora.
Mas minha mania por perfeição faz com que
haja sempre novos itens na minha lista.
Assim, a felicidade mantém-se a alguns metros de nós dois.
E talvez este seja o maior dos meus defeitos.

Eu sou a tempestade num copo d’água.
Alguém que já implorou por amor.
Que subiu a rua augusta correndo e chorando atrás dele.
E se perdeu durantes longas tardes em seu apartamento.
Fingia não ver as drogas consumidas lá em casa.
Era mais fácil ignorar seu desejo pelo outro.
Sempre num tom cínico incontrolável.
Fazendo com que boa parte de sua saudade se desgastasse.
Junto de sua saúde.

Que se machuca.
Faz feridas enormes por dentro com uma caneta nanquim.
E ainda tem coragem de ter preguiça com o senso comum.
Mantém debaixo do travesseiro suas fraquezas,
alguns pensamentos, seu ciúme tolo e um silêncio...
Que incomoda.

1 comment:

Jane Abrita said...

Adorei o post. Franco e humano. Como todo mundo deveria ser! beijo