Thursday, March 22, 2007

Por Debaixo do Tapete da Sala.

Vou comemorar minha derrota como se fosse à última.
Viver por mais algumas horas a felicidade incerta e diária.
Não vou me afobar, nem parar de chorar. Deixe-me doer.
Vou apenas continuar vivendo de forma apática.
Arrotando meus planos em meio à poeira da sala.
Bebendo um pouco para dormir.
Lembrando de nós, com o conhaque nas mãos
em nosso primeiro inverno bom.

Inferno.
Testando meus limites, consigo ir ainda mais longe.
Consigo desviar da estrada de asfalto, retilínea.
Consigo emagrecer um quilo por dia e
isso seria inviável em tempos de alegria.
Consigo perceber que, mesmo apesar de tudo,
éramos mais felizes ontem do que hoje.
E amanhã será um dia mais triste.
Que o tempo vai se esvaindo.
Esvaziando as tendências,
descontinuando a nossa música.
Interrompendo nossos planos,
como os coloridos balões de ar que vão embora
por descuido das mãos pequenas
das crianças que não tivemos.

O céu anda cinzento.
O clima anda ameno.
E eu ando a respirar com dificuldade.
Mas continuo andando descalça
pelo mais tortuoso caminho já visto.
Fazendo calo nos dedos dos pés.
Fazendo curativo no peito com gaze e fita crepe.
Quebrando as obturações com a força
dos problemas enquanto dormimos.

Nada de sonhos.
Nada de valsas.
Apenas nós na nossa noz e um mundo que está à parte.
Cobrando-nos energia de sobra.
Reavaliações comportamentais semanais.
Agendas lotadas, horários, notas...
Coisa de gente grande mesmo.
E para os grandes,
só o amor maior do mundo não basta.
Não quero mais...

Luiza considera-se socialmente
insólita e DESLIGADA até o próximo eletro-choque.

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